Lady Gaga: “não sou a próxima Madonna. Sou o próximo Iron Maiden”

Bruce Weber / CR Fashion Book Issue 7

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A edição de número 7 das versões temáticas da revista de moda CR Fashion Book, criação de Carine Roitfeld (aquela que foi, durante 10 anos, editora da Vogue Paris), traz como estrela da capa Lady Gaga. Nas páginas da publicação, que chega às bancas em setembro, posando como uma espécie de NOIVA DAS TREVAS, ela entra no papel de ícone pop e fashion que tão bem executa há muito tempo.

Mas bastou que, em uma sequência de fotos, ela usasse uma camiseta do disco The Number of the Beast, da banda britânica Iron Maiden, pra causar a ira de uma parcela mais xiita de fãs de metal. Não contente em usar a camiseta, ela ainda OUSOU falar sobre sua devoção ao trabalho da Donzela de Ferro.

“Eles são uma das maiores bandas de rock da história, na minha opinião. (…) Esses caras enchiam estádios e ainda enchem. E é por causa da cultura da música, a poesia que é tão poderosa. (…) Eu sempre digo às pessoas, quando elas vão dizer ‘Oh, ela é a próxima Madonna’. Não, eu sou o próximo Iron Maiden”.

Dá para imaginar que aquela parte da internet que se veste de preto, tem cabelão e se ouve pagode tem ataque epilético entrou em ebulição, né? Pensa só no que rolou, então, quando ela mandou, via Twitter, uma das fotos especialmente para o perfil do Maiden…e os caras responderam, todos elogiosos! Bom… Essa parte da internet EXPLODIU.

Basta acessar a área de comentários de qualquer site especializado em rock mais pesado para ver as mensagens indignadas. “Heresia!”, afirmava um, acendendo as suas tochas. “Um absurdo esta mulher manchar o bom nome do Maiden. E pior ainda os caras dando moral”, revoltou-se outro, já pintando os cartazes para marchar em manifestação na Avenida Paulista.

Bruce Weber / CR Fashion Book Issue 7

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Gaga é uma estrela pop. Que faz ótima música pop, aliás. Mas suas influências e referências são totalmente inspiradas no mundo do rock. Apesar de ser constantemente acusada de querer, como é mesmo?, copiar Madonna, suas performances ao vivo são claramente muito mais inspiradas no jeitão teatral de caras como Alice Cooper, no fogo, no sangue e nas luzes do Kiss, das bandas glam dos anos 1980, nos exageros de figurino do Twisted Sister e do Mötley Crüe, na interpretação extravagante de papéis de David Bowie e de Freddie Mercury.

A persona de palco de Gaga é muito, mas MUITO rock ‘n roll. E é justíssimo que alguém que é tão fã de hard rock e de metal pesado queira criar um tipo de relação entre sua música e seus fãs que esteja mais próxima do relacionamento duradouro do rock clássico do que dos laços efêmeros e passageiros de grande parte dos fenômenos pop.

“Eu sou uma garota do metal, também. Já trabalhei num bar de metal por anos, era go-go dancer em baladas de rock. Quando eu fiz minha tatuagem da pata de monstro, eu tava ouvindo Iron Maiden, Black Sabbath, Metallica, AC/DC, Judas Priest” contou, em um AMA do Reddit. “Aí tem outros dias que eu ouço Sigur Rós e sons da natureza, tipo pássaros, água e tal. Mas em outras noites eu gosto de beber whisky gritando Bruce Springsteen e Garth Brooks com meu pai no bar do restaurante dele. Minha personalidade tem muitos lados, mas musicalmente tenho AINDA MAIS”.

É, sim, pode ser duro para os fundamentalistas do metal admitirem, mas é possível uma cantora pop gostar de rock pra bater cabeça. E a nova-iorquina Stefani Joanne Angelina Germanotta, que começou sua carreira cantando rock no Lower East Side em 2003, já provou que é fã. “O Iron Maiden mudou a minha vida”, disse várias vezes na imprensa – inclusive quando teve a chance de confraternizar com os caras durante a passagem de som de uma de suas apresentações na Flórida, tirando fotos com Bruce Dickinson e até trabalhando como roadie do sexteto por uma noite, em 2011.

Já desfilou por aí de camiseta do Slayer, disse que “Black Sabbath” é uma de suas canções definitivas (“Preciso escrever uma música chamada LADY GAGA. É a coisa mais metal que você pode fazer!”), apontou o Def Leppard como uma de suas influências…e colocou nomes como The Darkness e as meninas do Babymetal como bandas de abertura em suas apresentações, fugindo do lugar comum da “próxima revelação do pop”.

O mais bacana é que a recíproca, senhoras e senhores, é verdadeira. “Eu não morro sem antes gravar com a Lady Gaga”, disse Rob Halford, o God of Metal do Judas Priest. “Esperamos que Lady Gaga faça um cover nosso”, afirmou Scott Ian, o guitarrista do Anthrax. “Lady Gaga é a única estrela atual do rock”, disparou Gene Simmons, do Kiss. “Ela é uma história fascinante de acompanhar”, contou Pete Townshend, guitarrista do The Who. “De vez em quando aparece alguém de quem eu realmente gosto. Eu realmente gosto dessa Lady Gaga”, balbuciou Ozzy Osbourne. “Ela definitivamente curte o estilo, além de ser muito talentosa. Toca piano como uma louca e canta demais”, rasgou-se Tommy Lee, baterista do Mötley Crüe. “Ela é demais e foi um grande privilégio conhecê-la”, elogiou Biff Byford, do Saxon. “Ela é a minha versão feminina”, opinou, orgulhoso, Alice Cooper.

Aliás, Cooper até já tocou uma versão de Born This Way em um de seus shows. Ficou muito legal. E, diabos, combinou demais com o estilo da titia Alice.

Vale lembrar ainda que, além ter seu nome artístico inspirado em uma canção da banda, Gaga chegou a tocar com o Queen em algumas ocasiões – e Brian May, que se diz sempre empolgadíssimo pra gravar com a cantora, chegou até a cogitar que ela pudesse ser um nome interessante para assumir a lacuna de vocalista convidado outrora ocupada por Paul Rodgers e atualmente sob posse de Adam Lambert. Do meu lado, apoio 100%.

Lady Gaga é, de fato, muito mais Iron Maiden do que Madonna. Aliás, Lady Gaga é muito mais Iron Maiden do que a própria Madonna.

Viva com isso. Aceita que dói menos. E fique com este vídeo…apenas porque sim.

// Judao

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