A líder de ultradireita Marine Le Pen anunciará hoje o novo nome do Frente Nacional (FN) como forma de soltar o controverso passado do partido, ainda que persistem dúvidas sobre se a manobra trazerá também uma viragem ideológica.
A líder da extrema-direita francesa Marine Le Pen propôs neste domingo rebatizar como “Rassemblement National” (reagrupamento nacional) o partido Frente Nacional (FN), com o objetivo de renovar sua imagem depois de ser reeleita presidente do movimento pela terceira vez.
Marine Le Pen, de 49 anos, candidata única, recebeu 100% dos votos. O congresso do partido aconteceu na cidade de Lille, norte da França, e também aboliu o título de presidente honorário que era atribuído a seu pai e cofundador da formação em 1972, Jean-Marie Le Pen.
Apesar dos seus esforços por “des-demonizar” o FN desde que assumiu a sua presidência em 2011, as urnas puseram sempre limites à sua ascensão eleitoral, especialmente pelo sistema a dois voltas vigente na França, por lo que o XVI Congresso do partido foi apresentado como o da sua refundação.
A modificação do nome, o mistério melhor guardado do congresso, foi decidida por um 52% dos filiados numa opaca votação. Pretende estabelecer um novo começo para o partido e uma ruptura decisiva com Jean-Marie Le Pen, que presidiu a FN durante 39 anos, mas foi excluído por suas polêmicas e reiteradas declarações racistas e antissemitas.
A palavra Frente desapareceu, ao considerá-la Le Pen muito belicosa, mas não assim a de Nacional. Os militantes deverão apoiar a mudança de nome nas próximas semanas noutra consulta.
Novo nome – e também novos estatutos – para uma formação que conta ainda com um amplo respaldo entre a população francesa e que pretende aproveitar o impulso da onda populista em Ocidente.
Mas os analistas duvidam que a mudança de nome tenha mais efeitos que os cosméticos, à margem de que o pai de Le Pen e fundador do partido, Jean-Marie Le Pen, vai ser despojado da presidência de honra do FN pelo seu afecto pelas declarações extemporâneas que lembram as origens fascistas da formação.