A médica Haydee Marques da Silva, que se recusou a atender um bebê de 1 ano e meio que acabou morrendo na última semana, é suspeita em mais 3 episódios de descaso e maus-tratos aos pacientes. A repercussão da morte do pequeno Breno Rodrigues Duarte da Silva trouxe à tona diversas irregularidades envolvendo a médica. Além disso, Haydee tinha uma anotação criminal por ter agredido um paciente em 2010.
Segundo o jornal O Globo, pelo menos duas pessoas procuraram a polícia na semana passada para denunciar outros casos que envolvem a médica.
Os relatos são o de um idoso que foi transportado em uma ambulância sem receber o oxigênio que precisava – o que agravou sua situação; uma mulher agredida enquanto tentava fazer uma tomografia computadorizada; e uma senhora com o fêmur fraturado que teve de esperar Haydee fumar um cigarro depois de ouvir palavrões; além de Breno, que morreu na semana durante uma grave crise convulsiva e não recebeu socorro.
O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) informou a’O Globo que já houve uma sindicância contra a profissional e que ela passou por uma sanção técnica.
Um dos casos foi comentado por Isabelle Conti, delegada assistente da 16ª delegacia de polícia, responsável pela investigação sobre a morte de Breno. A’O Globo, a delegada declarou que a paciente que tentou fazer a tomografia computadorizada foi agredida com arranhões.
“O caso foi encaminhado ao Ministério Público, e foi oferecido a ela uma transação penal, ou seja, uma pena alternativa. No entanto, ela não cumpriu as medidas impostas pela lei”, disse a delegada ao jornal, que informou a prescrição do processo por causa do tempo decorrido.
Apesar das diversas irregularidades apontadas no currículo de Haydee, ela está sendo acusada de homicídio culposo (quando não há intenção de matar). Entretanto, a delegada Isabelle Conti afirma que a acusação pode se tornar em homicídio doloso (com intenção de matar) a qualquer momento, caso os depoimentos e o surgimento de evidências indiquem que a médica tinha consciência de que a falta de atendimento poderia causar a morte da criança.
“Eu não sou pediatra”
Ao chegar a delegacia nesta segunda-feira (12), Haydee não quis comentar o caso alegando que já tinha revelado tudo o que podia ao jornal Extra deste domingo (11). Ao Extra, a médica se defendeu das acusações e disse que, em sua visão, não negou o atendimento à criança.
“Isso não foi omissão de socorro, já que não era um caso grave (sic). O menino não faleceu imediatamente, morreu só depois de uma hora e meia. Eu não sou pediatra e nem neurologista e se tratava de uma criança muito pequena com quadro neurológico. Sem falar que eu estava muito estressada e sem condições psicológicas para atender. Naquele dia, eu nem ia para o plantão”, justificou.
O advogado que representa a família do menino Breno afirmou que eles entrarão com um processo contra o plano de saúde Unimed, contra a médica Haydée Marques, que teria se recusado a atender a criança, e contra a Cuidar, empresa terceirizada que faz o serviço de ambulância.
Segundo Gilson Moreira, ela deveria ser afastada do exercício da medicina pelos órgãos responsáveis.
“Ela é uma médica que deveria ter saído da ambulância, prestado auxílio, tirado a criança daquelas condições, levado pra UTI preparada pra essa finalidade e ser socorrida numa UTI de um hospital para que, efetivamente, ela pudesse ser socorrida”, explicou o advogado.
Ciberia // Rede GNI