Após escândalo envolvendo troca de mensagens, ministro deve depor em comissão da Casa na próxima semana. Caso levantou questionamentos sobre a condução da Lava Jato.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, deve comparecer na semana que vem na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado para falar sobre a troca de mensagens com o procurador Deltan Dallagnol que foi divulgada pelo site The Intercept Brasil. Segundo o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), o ex-juiz é esperado no dia 19 de junho.
Segundo o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), foi o próprio Moro que se colocou à disposição para ser ouvido pelos senadores. Em um ofício encaminhado a Alcolumbre, Coelho informou que Moro se ofereceu para comparecer no dia 19 ou 26 de junho. Após um acordo com líderes da oposição, Alcolumbre anunciou que a data mais próxima foi a escolhida.
“Manifestamos a nossa confiança no ministro Sérgio Moo, certos de que esta será uma oportunidade para que ele demonstre a sua lisura e correção como juiz federal, refutando as críticas e ilações a respeito da sua conduta à frente da operação Lava Jato”, escreveu Coelho no documento encaminhado ao presidente do Senado.
No último domingo, o site The Intercept Brasil publicou uma série de reportagens revelando mensagens atribuídas ao ex-juiz federal e hoje ministro Moro, trocadas através do aplicativo Telegram com procuradores da Lava Jato, incluindo Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa.
O caso provocou uma nova tempestade política no Brasil e questionamentos sobre a conduta do ex-juiz à época em que ele julgou os casos da Lava Jato na 1° Instância da Justiça Federal.
Os diálogos contêm, segundo o portal, indícios de que Moro orientava as investigações da Operação Lava Jato em Curitiba, o que o site descreve como uma “colaboração proibida” de Moro com Dallagnol.
O Intercept também afirma que procuradores da Lava Jato “tramaram em segredo” para impedir a autorização de uma entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes das eleições de 2018, por temor de que isso ajudasse o candidato do PT, Fernando Haddad.
Outras conversas mostrariam que Dallagnol estava preocupado com a solidez das acusações apresentadas contra Lula para condená-lo pelo caso do tríplex de Guarujá, poucos dias antes de a denúncia ser apresentada ao então juiz Sergio Moro.
O ministro Moro declarou, através de nota, que as mensagens não revelam “qualquer anormalidade ou direcionamento da atuação enquanto magistrado”. Ele também criticou o site por não tê-lo procurado antes da publicação da reportagem e disse que as conversas foram tiradas de contexto.