MPRJ pede devolução de R$ 200 milhões por superfaturamento no Maracanã

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) ajuizou uma ação pedindo que cerca de R$ 200 milhões sejam devolvidos aos cofres públicos por suspeita de superfaturamento nas obras do Maracanã.

Segundo divulgou hoje (13) o MPRJ, a estimativa dos custos foi inviabilizada por erros no projeto básico e pela forma genérica de apresentação de serviços e itens previstos. Como resultado, houve um excesso de aditivos ao projeto.

Os 16 termos aditivos à proposta vencedora da licitação elevaram o orçamento inicial de R$ 705 milhões para R$ 1,2 bilhão ao final da obra.

Para o promotor de justiça Flávio Bonazza, a quantidade de aditivos pode ter sido excessiva por conta das falhas no projeto básico, que permitiu que o consórcio tivesse “total controle do projeto executivo, quando quem deveria ter esse controle era o Estado”.

O pedido do ministério público estadual é embasado por irregularidades identificadas pelo Tribunal de Contas da União e pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro. De acordo com o MPRJ, o TCU apontou que já na licitação o “excesso de exigências” limitava a concorrência. Já o TCE-RJ identificou o superfaturamento.

Os alvos do MPRJ são as construtoras que formam o Consórcio Maracanã (Odebrecht, Andrade Gutierrez e Delta), o ex-secretário estadual de Obras Hudson Braga e o diretor-presidente da Empresa de Obras Públicas do Estado (Emop) Ícaro Moreno Júnior.

Além deles, são citados três membros da comissão de fiscalização de contrato e outros dois funcionários da Emop. Hudson Braga já está preso pela Operação Calicute, resultado da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro.

Os problemas apontados pelo MP no projeto básico da reforma causaram prejuízos aos cofres públicos, como o aumento do gasto com ar condicionado, que saltou de R$ 1,5 milhão para R$ 18,5 milhões, aumento de mais de 1.200%.

A ausência de fiscalização e as mudanças significativas no projeto adicionaram ainda custos como o da construção da nova cobertura do estádio, que inicialmente seria apenas reformada.

O consórcio vencedor condenou a estrutura e o custo da reconstrução foi de R$ 274 milhões, valor que a promotoria afirma ser “muito superior” ao praticado em outros países pela mesma empresa.

Em julho do ano passado, o TCE-RJ já havia determinado, em sessão plenária, que a Secretaria de Estado de Fazenda retivesse pouco mais de R$ 198 milhões das construtoras.

O conselheiro-relator do TCE-RJ José Gomes Graciosa estimou que as construtoras podem ter ganhado R$ 95 milhões a mais apenas com a falta de revisão dos preços, após desonerações fiscais concedidas pelo governo federal e ignoradas pelo governo do estado.

Graciosa afirmou que faltou planejamento e houve “megalomania estatal”. O relator do TCE criticou o enquadramento da obra como reforma e apontou que isso garantiu maior elasticidade para alterações contratuais. Para ele, o estádio foi quase que completamente demolido para que um novo fosse construído.

Na época, o TCE deu um prazo de 30 dias para a apresentação das defesas e, desde então, o corpo técnico do tribunal analisa o que foi enviado pelos envolvidos. Não há prazo para essa análise terminar e, após a conclusão, o resultado é enviado ao relator para que ele se posicione em um prazo de 60 dias.

As construtoras Andrade Gutierrez e Delta afirmaram que não vão comentar a ação ajuizada pelo MPRJ. A Odebrecht afirmou que colabora com as autoridades e trabalha na implantação de melhores práticas de controle e fiscalização.

A Empresa de Obras Públicas do Estado disse por meio de nota que todas as questões levantadas foram respondidas ao TCE-RJ e estão sob análise. O órgão afirma que ainda não foi notificado da ação do ministério público.

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