Depois de quase dois anos, o procurador especial, Robert Mueller, entregou nesta sexta-feira (22/03) o relatório final das investigações sobre a suposta interferência da Rússia nas eleições presidenciais americanas de 2016. O documento está agora nas mãos do procurador-geral dos Estados Unidos, William Barr.
Desde maio de 2017, Mueller investigava os supostos laços entre a Rússia e a equipe de campanha do então candidato pelo Partido Republicano e agora presidente dos EUA, Donald Trump, avaliando inclusive a possibilidade de que o mandatário possa ter obstruído a Justiça. Até agora, o procurador especial acusou 34 pessoas, entre elas seis ex-assessores do governante.
As conclusões sobre a investigação não foram divulgadas. Cabe a Barr decidir se tornará público o relatório. O procurador-geral disse que está revisando o documento e que espera poder informar o Congresso americano “sobre as principais conclusões” ainda neste fim de semana.
“Estou comprometido com a maior transparência possível, e lhes manterei informados a respeito do estado da minha revisão”, declarou Barr, que está há um mês no cargo, em comunicado endereçado aos parlamentares.
A Casa Branca disse que “não recebeu o relatório do procurador especial, nem foi informada” sobre seu conteúdo. “Os próximos passos dependem do procurador-geral Barr, e esperaremos que o processo siga seu curso“, afirmou a porta-voz de Trump, Sarah Sanders.
Na semana passada, a Câmara dos Representantes aprovou de maneira unânime a divulgação ao público do relatório de Mueller, e o próprio Trump, apesar de ter declarado em várias ocasiões ser contrário às investigações, qualificando-as como uma “caça às bruxas”, afirmou na quarta-feira que não se importa que o conteúdo do documento seja revelado.
Ainda confidencial, não é possível saber se o relatório respondeu às principais perguntas da investigação: se a campanha de Trump conspirou com Moscou para influenciar o resultado das eleições a seu favor e se Trump posteriormente tentou obstruir o inquérito sobre o caso, inclusive demitindo o diretor do FBI.
Em seu decorrer, a investigação resultou em acusações contra o ex-chefe de campanha de Trump, Paul Manafort, e o braço direito dele, Rick Gates; e contra um ex-assessor do então candidato republicano, George Papadopoulos. Também foram acusados o ex-advogado de Trump, Michael Cohen; o primeiro assessor de Segurança Nacional na Casa Branca do atual presidente, Michael Flynn; além do estrategista político Roger Stone.
Dos 34 acusados, 26 são de nacionalidade russa. Mueller também acusou três companhias da Rússia por irregularidade, entre elas a Internet Research Agency, que teria promovido “uma guerra informativa” nas redes sociais para dividir a sociedade americana. Segundo a imprensa americana, uma fonte familiarizada com o caso disse que Mueller não apresentou novas acusações no relatório.
Após a confirmação da conclusão do inquérito, a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, e o líder da oposição no Senado, Chuck Schumer, pediram que relatório seja divulgado na íntegra sem o conhecimento prévio de Trump. “Os americanos têm o direito de saber a verdade“, disseram os democratas numa declaração em conjunta.
A conclusão da investigação não elimina o perigo legal para Trump. O presidente enfrenta ainda duas investigações do Departamento de Justiça em Nova York, uma na qual é acusado de tentar comprar durante a campanha o silêncio de duas ex-amantes e outra sobre violações no financiamento da campanha.