Ano entra, ano sai, e tanto a lei dos corpos em queda de Galileu Galilei quanto a teoria da relatividade de Albert Einstein são testadas novamente apenas para os pesquisadores confirmarem pela enésima vez que os gênios estavam corretos.
Foi o que aconteceu com um novo experimento superpreciso conduzido por um grupo internacional de pesquisadores, incluindo cientistas do Centro Nacional de Estudos Espaciais da França e da Agência Espacial Europeia.
Por que os cientistas estão tão determinados a provar que Einstein e Galileu estavam errados? Por causa das inconsistências na nossa compreensão do universo.
“A mecânica quântica e a relatividade geral, que são as duas teorias básicas a partir das quais toda a física é construída hoje, ainda não estão unificadas”, explicou o principal autor do estudo, Peter Wolf, diretor do Centro Nacional de Pesquisa Científica de Paris, ao Live Science.
Além disso, enquanto os pesquisadores pensam que o universo é composto principalmente de matéria escura e energia escura, não conseguimos detectar essas substâncias até hoje.
“Se vivemos em um mundo onde há matéria escura ao redor que não podemos ver, isso pode ter uma influência no movimento dos objetos. Essa influência seria muito pequena, mas estaria lá mesmo assim. Portanto, se os cientistas vissem objetos caírem em taxas diferentes, isso poderia ser uma indicação de que estamos realmente observando o efeito da matéria escura”, acrescentou Wolf.
Dita a história que, no século XVII, Galileu subiu na Torre de Pisa e derrubou duas balas de canhão de tamanhos diferentes do alto do monumento a fim de provar sua teoria de que os objetos cairiam a mesma taxa de velocidade, não importa a sua massa. Esse entendimento mais tarde foi atualizado por Einstein em sua teoria da relatividade.
Agora, depois de passar dois anos derrubando dois objetos de massa diferente em queda livre a partir de um satélite, os pesquisadores confirmaram que eles caem a uma taxa dentro de somente dois trilionésimos de 1% um do outro.
Ambos os objetos eram cilíndricos, um feito de titânio e o outro de platina, e estavam suspensos em um campo magnético. Eles “caíram” por 100 a 200 horas a cada experimento, e sua velocidade foi deduzida a partir das forças que os pesquisadores precisavam aplicar para mantê-los no lugar dentro do satélite.
A equipe de cientistas concluiu que os objetos caíram a quase exatamente na mesma taxa toda vez (o que prova que Galileu estava certo), mesmo tendo sido derrubados em momentos diferentes (o que prova que Einstein estava certo).
Conforme já comentamos, esta não é a primeira que pesquisadores desafiam Galileu e Einstein. O novo teste, no entanto, foi uma ordem de magnitude mais sensível do que os anteriores. Isso não significa que desistiram.
Por enquanto, a equipe só divulgou 10% dos dados coletados durante estes dois anos. Eles planejam fazer novas análises no restante. Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica Physical Review Letters.
Além disso, já estão formulando experimentos similares duas ordens de magnitude mais sensíveis, bem como em escalas minúsculas, por exemplo, com átomos individuais de tipos diferentes.
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