Alessandro Di Marco / EPA

Cristiano Ronaldo
O mundo do futebol, como qualquer actividade que gera dinheiro e emprega pessoas, começa a sentir os efeitos do confinamento visto que em quase todas as partes do mundo não se pratica futebol e os estádios se encontram vazios. As consequências são perdas de rendimentos.
Sem jogos de futebol, não há direitos televisivos, não há bilheteira, não há vendas de produtos derivados como ‘goodies’ ou camisolas, o que significa uma grande perda de rendimentos, enquanto os salários dos jogadores e dos funcionários têm de ser pagos. A solução? Reduzir os salários ou que todos os jogadores passem em situação de ‘lay-off’.
O clube italiano da Juventus chegou rapidamente a um acordo com os seus jogadores, inclusive com a estrela portuguesa Cristiano Ronaldo.
Em comunicado a equipa transalpina anunciou que as poupanças efectuadas podem chegar aos 90 milhões de euros nos próximos quatro meses. No entanto se a situação melhorar e se a primeira divisão recomeçar, os salários poderão não ser cortados.
Recorde-se que Cristiano Ronaldo é o jogador mais bem pago do plantel com um ordenado líquido de 31 milhões de euros por ano. Aliás, em função da diminuição de receitas provocada pela pandemia de Covid-19, o internacional português poderá perder cerca de 10,3 milhões de euros.
O FC Barcelona é um clube com varias modalidades, entre elas o futebol. Neste período de crise, o clube catalão propôs cortar 70% nos salários dos jogadores e staff técnico de todas as equipas profissionais.
Todas as principais modalidades do clube, o que inclui o andebol, o basquetebol, o futsal e o hóquei em patins, já aceitaram a proposta apresentada, todavia no futebol, os capitães da equipa, entre eles o argentino Lionel Messi, levaram mais tempo a aceitar a proposta, o que gerou uma certa tensão no clube.
Tensão que voltou a acender com um comunicado de Lionel Messi a criticar a direcção do clube: «Da nossa parte chegou o momento de anunciar que, para lá de redução em 70% do nosso salário durante o Estado de Emergência, vamos contribuir para que os empregados do clube possam manter a totalidade do seu salário enquanto dure esta situação. Se não falamos antes foi porque era prioritário para nós encontrar soluções que fossem reais para ajudar o clube, mas também aos restantes prejudicados nesta situação. Não deixa de nos surpreender que desde o clube haja quem tente colocar-nos sob pressão para fazer algo que sempre quisemos fazer. Se demoramos mais foi porque estávamos a tentar encontrar a melhor fórmula para o fazer ajudando o clube e também os trabalhadores. Queremos deixar claro que a nossa vontade sempre foi reduzir o nosso salário, porque entendemos perfeitamente que se trata de uma situação excepcional e somos os primeiros que sempre se prestaram a ajudar o clube sempre que nos pediram. Até o fizemos algumas vezes por iniciativa própria», concluiu o internacional argentino.
O clube vai avançar para este cenário, aplicando um ERTE – Expediente de Regulação Temporal de Emprego -, medida prevista na lei, que poderá provocar cortes nos salários desde 14 de Março.
Espanyol de Barcelona e Atlético Madrid também já anunciaram a aplicação de um ERTE. Quanto ao Real Madrid não considera necessário impor cortes salariais para manter as contas do clube equilibradas, por enquanto.
Em França, todos os clubes de futebol passaram em ‘lay-off’, inclusive o Paris Saint-Germain detido por proprietários qataris.
Com esse dispositivo, os clubes apenas têm de 70% dos salários líquidos, e o Estado francês reembolsa 4,5 vezes o rendimento mínimo, num total que pode atingir entre 4 850 e 5 400 euros. Estas economias vão ser realizadas para a viabilização do futuro dos clubes franceses.
O Sion, da primeira divisão suíça, rescindiu o contrato com nove jogadores, por estes recusarem a proposta de ‘lay-off’.
No Uruguai a Federação de Futebol prescindiu de quase todos os seus colaboradores e funcionários, incluindo o treinador da seleção principal, Óscar Tabarez, mandando toda a gente para o desemprego.
// RFI