A cada dois anos, amostras de alunos de 15 anos do Brasil e outros 78 países participam do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA). Desde o ano de 2000 esta avaliação classifica alunos dos países participantes em matemática, ciências e leitura. Em 2018, o foco da avaliação foi na leitura, e os resultados não foram nada bons.
Um estudo conduzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que coordena o PISA, constatou que apenas 9% dos alunos de 15 conseguem diferenciar fatos de opiniões. Este trabalho tem o título de “O que os estudantes sabem e podem fazer”.
No teste de 2018, os alunos realizaram leituras de textos de tamanhos moderados nas telas de computadores, mídia mais procurada pelos jovens para leitura, em comparação com livros, revistas e outros impressos. A participação global foi de 600 mil estudantes, sendo que e 10,7 mil foram no Brasil, em 638 escolas.
A pesquisa concluiu que menos de 1 entre 10 estudantes testados conseguem “distinguir entre fato e opinião, com base em pistas implícitas relacionadas ao conteúdo ou à fonte da informação”. Apenas seis países conseguiram resultado melhor que 1 em 7 ao identificar fatos com sucesso: China, Canadá, Estônia, Finlândia, Singapura e Estados Unidos.
Os melhores leitores do mundo são da China, mais especificamente de quatro províncias: Beijing, Shanghai, Jiangsu e Zhejiang. Os países participantes da América Latina, de forma geral, ficaram abaixo da média na compreensão de texto.
A avaliação tem seis níveis de leitura. O aluno que está no segundo nível, por exemplo, consegue identificar a ideia principal de um texto de tamanho moderado, encontrar informação baseada em critérios explícitos, apesar de algumas vezes serem complexos. Ele também consegue realizar uma reflexão sobre o objetivo e forma dos textos quando orientado diretamente a fazer isso. Cerca de 77% dos estudantes têm nível 2 de proficiência.
Os melhores leitores conseguiram atingir os níveis cinco ou seis, onde alunos conseguem compreender textos longos, lidar com conceitos abstratos ou contraintuitivos, e estabelecer distinções entre fato e opinião, com base em pistas implícitas relacionadas ao conteúdo ou fonte da informação. Apenas 8,7% dos estudantes participantes atingiram estes níveis.
De forma geral, as observações apresentadas pelo trabalho servem de alerta claro de que ainda há muito o que fazer para melhorar o ensino e aprendizado de adolescentes no mundo todo.
“Hoje, eles vão encontrar centenas de milhares de respostas para suas perguntas na internet, e está nas mãos deles determinar o que é verdade e o que é falso, o que é certo e o que é errado”, diz o trabalho. “É por isso que a educação no futuro não é apenas sobre ensinar as pessoas, mas também ajudá-las a desenvolver bússolas confiáveis para navegar em um mundo cada vez mais complexo, ambíguo e volátil”.
Uma possível solução para este enorme problema está na educomunicação, a educação para a mídia. Com ela, os consumidores de notícias e textos de todos os tipos aprendem a identificar características básicas de um conteúdo, como fontes e autores. Assim, têm maior autonomia para perceber se aquela é ou não uma notícia falsa.
// HypeScience
Duas perguntas sinceras:
Essa expectativa em relação aos adolescentes é razoável e atende às limitações do seu estágio de desenvolvimento?
Caso o nível pretendido fosse alcançado, passaríamos a perseguir o objetivo de que os pré-adolescentes ingressem nesse estágio?