O monte piramidal Ahuna, localizado no planeta anão Ceres, provavelmente não é o único criovulcão em sua superfície. Os astrônomos encontraram traços de outros vulcões mais antigos nas fotos tiradas pela sonda Dawn, da NASA.
As primeiras fotografias de Ceres, tiradas pela sonda Dawn em março de 2015 após aproximar-se do planeta anão, revelaram duas estruturas inesperadas: manchas brancas misteriosas na cratera Occator, que na verdade são jazidas claras de minerais que refletem luz, e o monte singular piramidal Ahuna, de 4 quilômetros de altura.
As descobertas das manchas brancas de Occator e da pirâmide de Ahuna forçaram os cientistas e rever suas teorias em relação ao surgimento de Ceres e de planetas “embriões”, que não tiveram bom resultado.
Somente em 2016, Christopher Russell, chefe da missão Dawn, e seus colegas identificaram que ambos os fenômenos são produtos do criovulcanismo — erupção de água relativamente quente e “salmoura” dos subsolos do planeta anão para sua superfície.
Além disso, a descoberta do monte Ahuna incentivou os cientistas a pensar se essa forma de relevo seria a única em Ceres, como resultado do impacto de um asteroide, formação de rocha com o tempo ou a possibilidade de elas terem sido erguidas sobre a superfície do planeta anão no passado e, posteriormente, desaparecendo.
“Acreditamos ter provas suficientes para falar sobre a existência de muitos criovulcões no planeta anão Ceres no passado, que não conseguimos ver devido às deformidades”, diz Michael Sori, investigador da Universidade do Arizona, nos EUA, em artigo publicado no jornal Geophysical Research Letters. .
“Imagine se houvesse na Terra apenas um vulcão. Seria uma coisa muito estranha, tem que haver mais vulcões em Ceres”, explica o astrônomo”.
“Ahuna é um monte bastante jovem, que surgiu há 200 milhões de anos no máximo. Ele simplesmente não teve tempo para se deformar”, acrescenta Michael Sori.
Russell, Sori e outros pesquisadores analisaram a veracidade de todas essas teorias através da elaboração de um modelo eletrônico do subsolo do planeta anão.
Ao contrário da Terra e de outros planetas pedregosos, as camadas do solo de Ceres são principalmente compostas por gelo. A baixíssimas temperaturas, o gelo se torna quase tão firme como as rochas “reais”, mas ao mesmo tempo o gelo mantém sua fluidez.
Isso significa que, com o passar do tempo, um monte formado de gelo se esparrama pela planície ao seu redor, cobrindo-a com camada de água congelada. Esse processo, segundo cientistas, poderia “fazer desaparecer” todos os traços de episódios prévios de criovulcanismo.
Ao considerar a ideia proposta acima, os cientistas calcularam o tempo necessário para que o monte Ahuna desaparecesse e quais traços poderiam ser deixados para trás. Segundo estimativas, a altitude do monte poderá diminuir rapidamente — em dezenas de metros a cada milhão de anos.
Consequentemente, sua cúpula poderá ser vista da órbita durante um prazo curto, geologicamente falando, de aproximadamente 100 milhões de anos, desaparecendo depois.
Tais estruturas compressas, segundo apontam os geólogos, já foram encontradas na superfície de Ceres, até mesmo nos arredores do “monte piramidal”.
Agora os cientistas estão investigando as fotos de outras partes do planeta anão, buscando novos traços de criovulcões, ajudando, assim, a entender com qual frequência aconteciam erupções vulcânicas em Сeres – e qual seria o motivo para os vulcões entrarem em ação.
Ciberia // Sputnik News