O fato de você acordar cedo ou, pelo contrário, ser um verdadeiro notívago, está relacionado com pequenas variações no relógio interno do seu corpo. Se estiver indeciso, não se preocupe: no futuro, um exame de sangue poderá tirar suas dúvidas.
Muitas pessoas não sabem, mas um “desalinhamento” entre o nosso relógio biológico e o tempo real pode ser prejudicial para a nossa saúde. Assim, um exame de sangue que seja capaz de nos dizer que horas são no nosso corpo seria um avanço muito positivo.
O novo exame, chamado TimeSignature, utiliza um algoritmo treinado para procurar padrões de expressão genética em diferentes momentos do dia, explica o artigo científico publicado na segunda-feira (10) na PNAS.
Os pesquisadores examinaram cerca de 20 mil genes e descobriram que cerca de 40 mostram sinais genéticos robustos conectados a tempos diferentes – isto é, 40 genes são mais propensos a “ligar” em determinados momentos do dia, tudo com base no relógio biológico do ser humano.
O Live Science dá um exemplo: se o corpo de uma pessoa pensa que são 6h da manhã, esse indivíduo expressará mais o gene A do que o B; mas se pensar que já são 8h da manhã, talvez expresse mais o gene C. No fundo, o TimeSignature aprende estes padrões e, com eles, desenha uma espécie de horário interno do nosso corpo.
Os processos realizados pelos nossos órgãos são orientados pelo chamado “ritmo circadiano”, o que designa o período de aproximadamente 24 horas sobre o qual é baseado o nosso “relógio biológico“. As pessoas que não estão em sincronia com o tempo real podem ter dificuldades no tratamento de algumas doenças.
Para que o teste seja preciso, o paciente precisa realizar pelo menos dois exames de sangue espaçadas no tempo. Este teste pode ser capaz de ajudar os médicos a administrar doses de medicamentos em momentos precisos, apesar de serem necessários mais estudos científicos antes de o teste poder ser feito clinicamente.
“Há muitos medicamentos que têm tempo ideal para a dosagem. A hora ideal para tomar um medicamento para a pressão arterial ou, até, quimioterapia, pode variar de pessoa para pessoa”, explica Phyllis Zee, coautora do estudo e neurologista da Northwestern Medicine.
Além disso, acrescenta a pesquisadora, quase todas as células do corpo medem o tempo – e muitas delas ditam também os processos no corpo com base em que horas são. Por exemplo, se for hora de dormir, as células liberam melatonina.
Interromper o ritmo circadiano pode ter várias implicações, como asma, diabetes, obesidade ou doenças cardíacas. Por isso, a inovação pode ser capaz de melhorar o diagnóstico de tais distúrbios.
“Sabemos que se você interromper o relógio interno, ele pode predispor sua saúde a uma série de doenças”, disse Ravi Allada, professor de neurobiologia da Northwestern e autor do artigo. “No fundo, o tempo é tudo”, conclui.
Ciberia // ZAP