A Nissan estimou em 9,2 bilhões de ienes (R$310 milhões) os pagamentos supostamente estipulados ao ex-presidente da companhia Carlos Ghosn, que foi detido no Japão por suspeita de sonegação de renda.
“Tomamos um enfoque conservador e consideramos esta quantia”, disse nesta terça-feira o CEO da companhia, Hiroto Saikawa, durante a entrevista coletiva de apresentação dos resultados financeiros da Nissan para os nove meses até dezembro de 2018, nos quais foi levado em conta o impacto da quantia “não registrada em anos fiscais anteriores”.
A Nissan decidiu levar em conta estes supostos pagamentos estipulados com Ghosn apesar de não ter pago o montante, cuja quantidade poderia variar “em função dos resultados da investigação da Procuradoria e das autoridades para determinar qual é o valor exato”, explicou o diretor financeiro da firma, Hiroshi Karube.
Ghosn está detido em Tóquio desde 19 de novembro de 2018 acusado sonegação de renda nos relatórios anuais da Nissan entregues às autoridades financeiras.
O executivo, de 64 anos, também foi acusado de ter violado a legislação empresarial japonesa ao utilizar a Nissan para encobrir uma série de perdas financeiras pessoais durante a crise de 2008 e por pagamentos supostamente injustificados a um empresário saudita.
A detenção de seu principal responsável levou a Nissan a demitir Ghosn como presidente e a Saikawa a assumir o posto. Depois disso, a Renault também decidiu substituir o empresário como presidente e nomear no cargo Jean-Dominique Senard.
O diretor francês deve visitar nesta semana Tóquio e se reunir com Saikawa, que afirmou hoje que sua “postura de trabalhar com Senard não mudou“.
Saikawa declarou que no futuro quer “polir o valor da aliança” e “desenvolvê-la além”, e mostrou seu desejo de discutir e “revisar se for necessário” a Aliança 2022, o plano estratégico vigente da aliança Renault-Nissan e Mitsubishi.
“Primeiro queremos criar confiança entre nós e uma boa comunicação entre nossas equipes operacionais”, expôs o japonês, que deixou claro o objetivo “de poder confiar nos conselheiros” e voltou a mencionar a necessidade de evitar dar um poder “excessivo” ao líder da aliança.
Ao ser perguntado sobre sua responsabilidade nas irregularidades supostamente cometidas por Ghosn, com quem trabalhou por mais de uma década, Saikawa afirmou que tanto ele como outros executivos se sentem “muito responsáveis”.
“Necessitamos assegurar o futuro da Nissan“, disse o CEO japonês, que deixou claro a vontade de se concentrar em sua responsabilidade sobre como lidar com a atual situação, antes de analisar seu papel no ocorrido no passado.
// EFE