“Olhem para nós, tudo é possível”, diz humorista vencedor da presidencial da Ucrânia

Stepan Franko / EPA

O novo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky

Ator inexperiente na política obteve vitória esmagadora sobre presidente Poroshenko, mesmo nas regiões mais nacionalistas do país. Críticos o acusam de ser pró-Moscou e de conivência com oligarca.

O humorista Volodymyr Zelensky é o vencedor do segundo turno das eleições presidenciais da Ucrânia, realizado neste domingo (21/04), com aproximadamente 73% dos votos. Assim ele desbancou o atual presidente, Petro Poroshenko, que obteve apenas 25%, segundo as pesquisas finais de boca de urna.

Poroshenko reconheceu logo sua derrota, ao aceitar os resultados de boca de urna, acrescentando que deixará o cargo “no próximo mês”.

“Quando vejo os resultados das pesquisas de boca de urna, são evidentes. É motivo para ligar para meu oponente e parabenizá-lo”, comentou, mostrando-se disponível a apoiar o seu rival na transição: “Vou deixar o cargo, mas quero frisar firmemente que não vou deixar a política.”

Zelensky, de 41 anos, alcançou um resultado histórico, dominando as urnas em todas as regiões do país, inclusive no oeste mais nacionalista. No leste, onde nasceu, sua vitória seria arrasadora, somando mais de 88% dos votos. Os resultados corroboraram as pesquisas realizadas durante a campanha eleitoral, que davam a Zelensky mais de dois terços dos votos.

As primeiras palavras do novo presidente foram para as outras ex-repúblicas soviéticas: “Olhem para nós, tudo é possível“, afirmou Zelenski, reunido com simpatizantes em Kiev. “Obrigado a todos os ucranianos que me apoiaram. Obrigado a todos os ucranianos, onde quer que estejam. Prometo que não falharei com vocês“, declarou o comediante em seu comitê, após os resultados das pesquisas serem divulgados.

Zelensky também agradeceu aos soldados e voluntários que estão no leste do país por “protegerem a Ucrânia”. Em sua popular série televisiva Servidor do Povo, ele interpreta um professor que nunca teve um cargo político mas é eleito presidente.

O humorista obteve o dobro da votação de Poroshenko no primeiro turno do pleito presidencial, refletindo a revolta popular contra a corrupção endêmica, uma economia moribunda e o conflito com os insurgentes no leste, apoiados pela Rússia, que já dura cinco anos.

Seus críticos questionam que seja a figura política independente que pretende, acusando-o de ser pró-Moscou e de manter aliança com Ihor Kolomoyskyi – um antes influente oligarca da cidade de Dnipro –, com o fim de impedir um novo mandato de Poroshenko.

Numa crítica implícita ao humorista, depois de votar, Poroshenko enfatizou ser “importante guiar-se pela razão, não por gargalhadas“, acrescentando que “ao início pode ser engraçado, mas depois pode ser doloroso”.

Ele salientou, ainda, a necessidade de “defender as conquistas dos últimos 5 anos“, referindo-se à criação da Igreja Ortodoxa ucraniana independente, sem laços com a da Rússia.

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