Morreu nesta quinta-feira (28), após nove dias de internação, Emerson Júnior, de 30 anos. Portador de síndrome de Down, ele protagonizou uma foto emocionante, feita por Mirene Borges Da Silva no último domingo (24), ao ser abraçado pelo enfermeiro Raimundo Nogueira Matos, permitindo que ele recebesse oxigênio.
Emerson foi atendido em Manacapuru (a 100 km de Manaus), no hospital de campanha do município de Caapiranga. O local, entretanto, não tem leito de terapia intensiva e por isso foi solicitada transferência para Manaus. Mas, inicialmente, não houve retorno porque há fila de espera por leitos no estado.
O jovem faleceu por complicações da covid-19. Assim que ele foi internado, o hospital pediu um leito de UTI à central de regulação do estado —a vaga, contudo, só foi disponibilizada ao menos cinco dias depois.
O paciente havia apresentado melhora e a expectativa era de que fosse transferido para uma UTI em Manaus, mas faleceu antes. O enfermeiro que socorreu Emerson falou ao UOL sobre como recebeu a notícia. “Fiquei muito triste, chorei muito”, contou Raimundo.
Manaus colapsada em meio à pandemia
Manaus vive alguns dos momentos mais dramáticos de sua história pela falta de oxigênio. O sistema de saúde da cidade do Norte do Brasil colapsou em função da alta no número de infecções provocadas pelo novo coronavírus. A coisa está tão complicada que médicos precisam escolher entre quem vive e quem morre.
A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), que analisa e monitora evolução da pandermia no estado, informou que 148 pessoas morreram vítimas da covid-19 no Amazonas na quarta-feira 20 de janeiro. Com isso, o estado já tem 6.598 óbitos provocados pelo novo coronavírus.
O Ministério Público Estadual do Amazonas pediu a prisão do prefeito de Manaus, David Almeida, e do secretário de Saúde, Shadia Fraxe, pelo favorecimento de pessoas que teriam furado a fila do grupo prioritário da vacinação. O MP-AM aponta fraude na fila de prioridades, além da contratação irregular de 10 médicos.
O prefeito da cidade de 2 milhões de habitantes se defendeu em nota classificando a acusação do MP como “ilegal e arbitrária”.
O ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, também será investigado, só que pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte quer analisar possíveis crimes na gestão do ministro do governo Bolsonaro na pandemia, sobretudo pela fala de oxigênio em Manaus – responsável por provocar a morte de dezenas de pessoas.
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