Enquanto vemos estarrecidos a onda de ódio contra transgêneros ganhar proporções preocupantes no Brasil e no mundo, há quem encontre segurança e respeito dentro do próprio lar. É o caso do homem trans Miguel, de Vitória, no Espírito Santo.
O jovem, que não teve o nome feminino revelado pelo G1, pode se orgulhar do pai que tem. Marco organizou uma festa para o filho apresentar seu nome social para toda a família. Um segundo batizado.
“Por que batizado? Porque estava nascendo um Miguel na família. O Miguel chegou na família. Era um bolo. […] Se a própria família não apoiar, quem vai apoiar?”, perguntou Marco. O bolo tinha o nome social escolhido pelo filho.
Demorou um tempo para Miguel contar à família que era um homem transgênero, ou seja, ele nasceu menina, recebeu um nome de batismo feminino, mas sempre se identificou com o gênero masculino. A revelação aconteceu em março deste ano, e, para a surpresa do jovem, a família abraçou sua nova identidade.
“Eu costumo dizer que meu pai nasceu para ser pai. Ele é o cara que eu olho e que eu quero ser igual. Ele me ensinou o que é ser homem. Eu quero ser um pai como o meu pai”, disse Miguel.
A família de Miguel começou a procurar informações na internet sobre o universo trans. Miguel conta que sempre que o pai vê uma reportagem na televisão, vai correndo até ele contar as novidades e as conquistas de direitos desse grupo de pessoas marginalizado pela sociedade. Sabia que o Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo?
“Quando saiu uma reportagem falando sobre a possibilidade de colocar o nome social no CPF, ele me falou. Ele me ajuda no que puder”, contou Miguel.
A família ainda confunde um pouco na hora de chamar Miguel pelo seu nome social. Mas, aos poucos, eles vão se acostumando. Miguel acredita que ficará mais fácil quando ele adquirir características masculinas.
Nos próximos meses, ele vai começar a terapia hormonal, acompanhado por uma equipe médica. “Procurei o Hospital Universitário (Hucam), lá tem um ambulatório especializado em diversidade de gênero, e a minha primeira consulta foi esse mês. Eu vou fazer alguns exames e retornar lá no mês que vem. A partir desses exames, vou começar com os hormônios”, explicou.