Cientistas observaram os efeitos imediatos da formação de uma supernova pela primeira vez, detectando apenas três horas depois da explosão o enorme brilho da morte de uma estrela supergigante vermelha.
O evento foi batizado de SN 2013fs, e foi a primeira chance que os pesquisadores tiveram de estudar uma supernova tão jovem. Normalmente o brilho resultante de sua formação só é descoberto alguns dias depois. Neste caso, foi mais sorte que qualquer outra ação mais ativa; os telescópios já estavam apontados para a região correta por coincidência.
A supernova aconteceu na galáxia chamada NGC 7610, que está a 160 milhões de anos-luz da Terra.
Depois da luz desta explosão anciã ter viajado por 160 milhões de anos através do espaço, ela finalmente atingiu a Terra em 2013, onde foi detectada em uma inspeção automática do céu que acontecia no observatório Palomar, perto de San Diego, na Califórnia.
“Até alguns anos atrás, flagrar uma supernova uma semana depois da explosão já era considerado pouco tempo. Este já não é mais o caso, e com novas inspeções automáticas e totalmente robotizadas, temos flagrado eventos um dia ou até menos depois da explosão”, diz o astrofísico Ofer Yaron, do Instituto de Ciência Weizmann, em Israel.
Cenário da explosão
Ao identificar a luz apenas algumas horas depois da explosão, cientistas tiveram a rara oportunidade de examinar as condições cósmicas que cercavam a estrela pouco antes da explosão.
O brilho da supernova é visível por cerca de um ano, mas para observar o cenário da explosão, é preciso descobrir a supernova o quanto antes. No caso da SN 2013fs, observações mostraram que a estrela estava cercada por um disco de fragmentos que havia sido ejetado pela estrela no ano anterior à explosão.
Essa camada de material cobriu a estrela com uma nuvem de gás de 10 bilhões de km de profundidade, antes de ser destruída pela supernova.
“Antes de virar supernova, a estrela passa por instabilidades muito significantes no seu interior, afetando as camadas externas e superfície, o que causa essa perda de massa logo antes da explosão”, explica Yaron. “É como se a estrela soubesse que está no fim da vida e que vai morrer logo, e expulsa o material como se fosse o último suspiro”.
SN 2013fs é uma supernova do tipo II, o tipo mais comum de explosão estelar, envolvendo estrelas entre 8 e 50 vezes a massa do Sol. “O fato dela ser do tipo comum II e estar com material ao seu redor significa que esse fenômeno de grande perda de massa logo antes da explosão pode ser comum entre colapsos de supernovas”, diz o cientista.
Em breve poderemos confirmar se a perda de massa realmente é normal nesse tipo de explosão ou não, já que a tecnologia dos telescópios tem melhorado rapidamente. O esperado é que em pouco tempo possamos identificar essas explosões apenas minutos depois delas acontecerem.
Essa possibilidade deverá ajudar cientistas a estudar essas mortes violentas das estrelas com grandes detalhes. Eles até esperam observar uma supernova na Via Láctea – contanto que ela não aconteça muito perto de nós.
“Se você perguntar a um nadador no mar, ele não quer ver um tubarão. Mas se perguntar a um mergulhador, isso é tudo o que ele quer ver”, compara Yaron.
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