Há um planeta do tamanho de Júpiter que orbita uma estrela a 466 anos-luz da Terra, provavelmente com cor de ameixa, de brasa… ou qualquer outra cor. Os astrônomos envolvidos no estudo desse planeta não conseguem definir sua cor, isto porque o planeta massivo é um dos mais escuros já detectados.
De acordo com um artigo publicado em abril no arXiv, o planeta conhecido como WASP-104b é mais escuro que o carvão e “engole” 99% da luz que recebe da estrela que orbita.
“Entre todos os planetas que encontrei na literatura, esse está no top cinco dos mais escuros. Talvez até no top três”, afirma Teo Mocnik, cientista da Universidade Keele, no Reino Unido, ao New Scientist.
O planeta mais escuro descoberto até agora é o TrES 2B ou Kepler-1b, está a 750 anos-luz da Terra, é totalmente preto e absorve mais de 99% da luz que chega até o planeta.
Mocnik e seus colegas não descobriram o WASP-104b, que foi descrito pela primeira vez em 2014. O que fizeram foi analisar dados do observatório espacial Kepler. Já que não conseguiram visualizar o WASP-104b diretamente, os astrônomos estudaram o planeta de forma indireta, utilizando o método do trânsito astronômico.
Os cientistas analisaram a mudança da luz de um astro que passa atrás do objeto de estudo – um bom exemplo do trânsito astronômico é o eclipse solar, em que a Lua cobre a vista do Sol. Outras observações também ajudaram, como o sutil oscilar que o WASP-104b causa na sua estrela.
Planetas como o WASP-104b são chamados Júpiteres quentes, o que significa que são tão grandes quanto o maior planeta do Sistema Solar, apenas com uma diferença: os Júpiteres quentes orbitam extremamente perto de suas estrelas, o que resulta em temperaturas escaldantes na superfície.
No caso do WASP-104b, o planeta está tão próximo da estrela que completa uma translação em apenas 1,76 dias, enquanto a Terra leva os conhecidos 365 dias.
Apesar de parecer uma explicação estranha, é precisamente a proximidade do planeta da estrela que faz com que seja tão escuro.
Assim como a lua da Terra tem uma face “travada” em relação à Terra – o tempo que a Lua demora para girar sob seu próprio eixo é igual ao tempo que demora a dar uma volta ao redor da Terra –, o WASP-104b também tem a face travada para o seu sol.
Como resultado, um lado do planeta tem dias permanentes e o outro lado tem noites sem fim.
A escuridão da parte que está sempre escura no planeta é fácil de entender. Por outro lado, a parte do planeta que está sempre na claridade não é visível para nós porque provavelmente recebe tanta radiação estelar que não consegue formar nuvens ou gelo.
São as nuvens e o gelo que facilitam a visualização de planetas ao refletir a luz, mas também formam um “teto” sobre elementos que absorvem a luz na atmosfera do planeta.
Ciberia // HypeScience / ZAP