Astrônomos detectaram pela primeira vez hélio, o segundo elemento químico mais abundante no Universo, na atmosfera de um planeta fora do Sistema Solar com quase o mesmo tamanho de Júpiter.
Para a detecção deste gás na atmosfera do exoplaneta WASP-107b, que orbita uma pequena mas brilhante estrela da constelação de Virgem, os astrônomos usaram o telescópio espacial Hubble.
O WASP-107b, que tem dimensões aproximadas às do gasoso Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar, está a cerca de 200 anos-luz da Terra e demora menos de seis dias a completar uma volta em torno da sua estrela.
“O hélio é o segundo elemento mais comum no Universo, depois do hidrogênio. É também um dos principais constituintes dos planetas Júpiter e Saturno. Contudo, até agora, não tinha sido detectado em exoplanetas”, afirmou a coordenadora da equipe internacional de astrônomos, Jessica Spake, da Universidade de Exeter, no Reino Unido, citada em comunicado da agência espacial europeia ESA, que opera o Hubble em cooperação com a NASA.
Os cientistas tropeçaram no elemento de forma inesperada quando, na verdade, estavam à procura de metano na atmosfera do exoplaneta. A equipe acabou por descobrir hélio ao analisar o espectro de radiação infravermelha na sua atmosfera (isso é possível porque uma pequena quantidade de luz da estrela-hospedeira do planeta passa através da sua atmosfera deixando nela a assinatura do espectro de luz da estrela).
A quantidade de hélio detectada na atmosfera do exoplaneta é tão grande que sua camada superior se estende por dezenas de milhares de quilômetros no espaço, sustentam os autores da pesquisa, publicada na Nature.
Desde 2000, os astrônomos acreditavam que iam acabar encontrando hélio em uma atmosfera planetária. Em 2003, uma procura no planeta HD 209458b acabou não trazendo resultados e, a partir daí, brinca Spake, “a caça ao hélio saiu de moda”. Foi preciso chegar a 2018 para finalmente a sorte bater à porta. “Foi um feliz acidente”, declara a coordenadora da equipe.
“A observação vai abrir portas para uma nova área do estudo de exoplanetas, só porque a assinatura do hélio é muito forte”, afirma Sara Seager, cientista do Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Cambridge, e coautora do estudo de 2000. “Nunca pensei que demorasse tanto tempo”, admite.
Ciberia // ZAP