Portadores de doenças como a dengue e a malária, os mosquitos são a causa de milhões de mortes todos os anos. Entretanto, uma pesquisa conseguiu exterminar uma população desses insetos através da manipulação genética.
O novo estudo, publicado no dia 24 de setembro na revista Nature Biotechnology, mostrou que a partir de uma técnica de engenharia genética conhecida como gene drive, os mosquitos podem ser coisa do passado.
Isto, claro, se a comunidade científica estiver disposta a alterar permanentemente nosso ecossistema. Através do gene drive, os geneticistas introduziram uma alteração no organismo do mosquito que, em seguida, se propaga para os descendentes.
Usando a técnica de manipulação genética, os pesquisadores do Imperial College London exterminaram uma população aprisionada de Anopheles gambie, uma espécie de mosquito portador do vírus da malária na África subsariana.
No estudo, os cientistas utilizaram o CRISPR para modificar o gene responsável pela determinação do sexo em 150 mosquitos macho.
A alteração tornou o sexo masculino predominante e a ideia seria impedir a população de mosquitos de criar fêmeas, o que levaria ao colapso da espécie.
Os pesquisadores introduziram esses 150 mosquitos alterados na população de 450 machos e fêmeas para que se reproduzissem em conjunto. A modificação genética funcionou, produzindo gerações subsequentes de fêmeas que apresentavam características masculinas ao não conseguirem morder e pôr ovos.
A partir da oitava geração da população, nenhuma fêmea nasceu, pondo fim à era de mosquitos aprisionados no laboratório. Esta foi a primeira vez que cientistas viram uma modificação genética exterminar por completo uma população inteira.
Contudo, para se descobrir se a modificação genética causaria ou não efeitos colaterais indesejados, seria necessário fazer a experiência fora do ambiente controlado que o laboratório propicia. E, segundo Andrea Crisanti, a principal cientista da pesquisa, tal ação só será possível daqui cinco ou dez anos.
Ciberia // ZAP