Um túmulo com cerca de 2300 anos, que pode ter pertencido à avó de Qin Shihuang, o primeiro imperador da China, escondia um tesouro mais valioso do que toneladas de ouro: uma nova espécie de gibão.
Em 2004, foi escavado um túmulo na província de Shaanxi que poderia ter pertencido à avó de Qin Shihuang, o primeiro imperador da China. Além de vestígios de diversos objetos domésticos, o túmulo continha restos de um lince, um leopardo, um urso-negro-asiático e, para surpresa dos arqueólogos, restos do esqueleto de um misterioso símio.
Uma análise detalhada à parte do crânio encontrada no túmulo, a medição de seus dentes e depois de realizadas comparações com pequenos símios atuais, os cientistas perceberam que se tratava de um novo gênero e espécie de gibão, a que deram o nome de Junzi imperialis.
O crânio pode conter DNA, no entanto, as autoridades chinesas não permitiram que a equipe de cientistas tirasse amostras do osso. Mas isso poderia ter ajudado a determinar os parentes mais próximos da nova espécie.
Os gibões são pequenos símios que habitam as florestas tropicais do sudoeste asiático. Segundo o Público, no tempo em que o Junzi imperialis viveu, os gibões eram animais de estimação com um elevado estatuto na China.
“Os gibões foram considerados culturalmente importantes ao longo da história da China”, lê-se no artigo científico, publicado nesta sexta-feira (22) na revista Science. Aliás, Junzi é a palavra chinesa para funcionário escolar, que era associado aos gibões por estes animais serem considerados mais sábios e nobres que os outros símios.
No entanto, esse estatuto não lhe valeu a sobrevivência, e o Junzi imperialis não conseguiu chegar aos dias de hoje. A espécie teria sobrevivido, segundo os cientistas, até há poucas centenas de anos e não se sabe com foi extinta. No entanto, é muito provável que tenhamos sido nós os culpados.
“Todos os símios do mundo estão atualmente ameaçados de extinção devido às atividades humanas, mas nenhuma espécie de símio foi considerada extinta como resultado da caça ou da perda de habitat. No entanto, a descoberta da recente extinção do Junzi muda tudo isso e realça em particular a vulnerabilidade dos gibões”, disse Samuel Turvey, da Sociedade Zoológica de Londres e autor do trabalho.
E o estudo sustenta: “nossa caracterização do Junzi imperialis sugere que a perda de diversidade dos primatas causada pelos humanos no passado deverá estar subestimada, o que tem implicações importantes para a compreensão das vulnerabilidades de extinção e de informações de conservação”.
A equipe acredita que o Junzi é o representante de todas as outras espécies extintas que não são conhecidas. Desta forma, os cientistas defendem que se deve investigar a fundo a perda de biodiversidade na Ásia ao longo do tempo.
Ciberia // ZAP