O Brasil chora a morte da vereadora Marielle Franco, do Rio de Janeiro, que, nesta quarta-feira (14), foi assassinada à saída de um evento no bairro da Lapa, no centro da cidade.
Nesta quinta-feira (15), várias cidades do Brasil foram inundadas de protestos em homenagem à vereadora Marielle Franco que, durante a noite anterior, foi assassinada com quatro tiros na cabeça, quando seguia no banco traseiro de um automóvel.
Políticos, artistas e membros de várias ONGs se manifestaram contra o crime e a zona da Câmara dos Vereadores, onde foi velada, se encheu de populares que mostravam cartazes em que se lia “Quem matou Marielle Franco?”.
Para o presidente Michel Temer, o assassinato da ativista de esquerda, conhecida por fazer duras críticas à atuação da Polícia Militar e da intervenção do Exército na segurança do Rio de Janeiro, foi um “ato de extrema covardia” e um verdadeiro atentado ao Estado de Direito e à Democracia brasileira.
“Trata-se do assassinato de uma representante popular que, ao que sei, fazia manifestações e trabalhos com vistas a preservar a paz e a tranquilidade na cidade. Nós decretamos a intervenção para acabar com este banditismo que se instalou na cidade”.
Temer também anunciou que o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, estará no Rio de Janeiro para acompanhar as investigações sobre a morte da vereadora, que tem indícios de ter sido uma execução.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou que o ataque foi feito por atiradores que estavam em outro automóvel e que dispararam indiscriminadamente e fugiram sem roubar nada.
Segundo O Globo, policiais da divisão de homicídios que investigam o caso acreditam que os responsáveis pelo crime já sabiam o lugar exato que a parlamentar ocupava dentro do carro, apesar de a viatura ter vidros escurecidos.
Além disso, de acordo com as imagens das câmeras de vigilância, os agentes concluem que o automóvel foi perseguido durante cerca de quatro quilômetros.
“Filha da Maré”
A ONU já condenou o assassinato da vereadora e de seu motorista. “Marielle foi uma reconhecida defensora dos direitos humanos que atuava contra a violência policial e pelos direitos das mulheres e das pessoas afrodescendentes, principalmente nas áreas pobres”, lê-se na nota assinada pela porta-voz do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), Liz Throssell.
As Nações Unidas pedem que as investigações “sejam feitas o mais rápido possível” e de forma “completa, transparente e independente”, para que os resultados “possam ser vistos com credibilidade”.
Marielle Franco, reconhecida defensora dos direitos humanos, especialmente das mulheres negras, foi a quinta vereadora mais votada no Rio de Janeiro nas eleições municipais de 2016, com mais de 40 mil votos.
Socióloga de 38 anos, batizada de “filha da Maré” por ser originária da favela na zona norte do Rio com o mesmo nome, uma das áreas mais violentas da cidade, era a relatora da comissão da Câmara de Vereadores do Rio criada para fiscalizar a intervenção militar.
Depois de o governo ter decretado a intervenção na área de segurança pública do Rio de Janeiro, no dia 16 de fevereiro, a vereadora dirigiu várias críticas às abordagens da polícia nas favelas.
Em uma das suas últimas publicações, a vereadora denunciou alegadas abordagens indevidas de agentes policiais do 41° Batalhão, em Acari. “O 41° Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari. Nessa semana dois jovens foram mortos e jogados em uma vala. Hoje a polícia andou pelas ruas ameaçando os moradores. Acontece desde sempre e com a intervenção ficou ainda pior”.
“Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”, postou no Twitter, um dia antes de ser assassinada.
Ciberia // ZAP