Primeiro ano do governo Bolsonaro foi “tempestuoso”, segundo Le Figaro

Marcelo Camargo / ABr

O jornal francês Le Figaro desta terça-feira faz o balanço do primeiro ano do governo Bolsonaro, um ano de uma “presidência tempestuosa”, resume o diário conservador.

O jornal publica três artigos sobre o tema que não dispensam críticas e lembram as polêmicas e vulgaridades que marcaram os primeiros 365 dias de Bolsonaro no Planalto. Um dos textos mostra, por outro lado, que eleitores que votaram por uma mudança não se arrependeram.

O artigo principal diz que Jair Bolsonaro é “um presidente em campanha permanente“. O chefe de Estado brasileiro, populista e propagador de fake news, se preocupa com seu balanço econômico e cuida de seus eleitores, principalmente os evangélicos.

Isso indica que Bolsonaro tem duas caras, afirma o texto assinado pelo correspondente do Le Figaro no Rio de Janeiro, Michel Leclercq. De um lado, o ultraconservador, que multiplica provocações e polêmicas; do outro, o pragmático que deixou o comando do poderoso Ministério da Economia a Paulo Guedes para permitir o avanço das reformas liberais. Às vezes, as duas imagens se confundem, deixando uma impressão de improvisação e de confusão.

O texto lembra que o ex-capitão, deputado obscuro do Rio de Janeiro, foi eleito para surpresa geral por uma onda popular. Sem apoio de um grande partido e sem recursos, soube utilizar e mesmo manipular as redes sociais para se apresentar como um homem novo aos brasileiros, traumatizados pela crise econômica, pela corrupção e pela violência.

Campanha para 2022

Bolsonaro obteve 55% dos votos no segundo turno, mas agora, na véspera do segundo ano de seu mandato, apenas 29% dos brasileiros aprovam sua gestão.

A taxa, a menor já registrada por um presidente no primeiro ano de governo, equivale à sua base eleitoral fiel. Apesar de tudo, e na falta de um verdadeiro opositor, ele venceria a eleição presidencial de 2022, derrotando o popular ex-presidente Lula, afirma Le Figaro citando recentes pesquisas de opinião brasileiras.

“O problema é que Bolsonaro não conseguiu aumentar sua influência além desses eleitores incondicionais. Permanentemente, ele trata como inimigos as pessoas que não têm a mesma opinião do que ele. Com o tempo, isto pode formar uma poderosa coalizão de adversários, criada por ele mesmo”, prevê Alon Feuerwerker, especialista de comunicação política, entrevistado pelo jornal.

Sem maioria no Congresso, o presidente conseguiu aprovar até agora uma única reforma significativa, a da Previdência, e teve que recuar em várias de suas prioridades, como o emblemático projeto de lei anticrime.

Do ponto de vista do clã Bolsonaro, o ano termina mal com a acusação contra o filho e senador Flávio Bolsonaro, apontado pelo Ministério Público como chefe de uma organização criminosa, diz o artigo. Isto é péssimo para um presidente que tinha centralizado sua campanha na luta contra a corrupção, conclui Le Figaro.

// RFI

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