O jornal Le Monde deste domingo e segunda-feira, feriado em que a França comemora o Armistício da Primeira Guerra Mundial, traz uma reportagem de página inteira sobre a liberação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da prisão.
O correspondente Bruno Meyerfeld acompanhou os momentos em que Lula deixou a cela especial da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, onde estava preso há 580 dias.
O Le Monde ouviu a deputada do PSOL, Taliria Petrone, logo depois da saída de Lula da prisão. Para ela, trata-se de uma “primeira vitória”. Segundo a parlamentar, “trata-se de um evento que pode levar a esquerda a se unir contra a extrema-direita e permitir a elaboração de um novo projeto de sociedade”.
Inimigo claro
O jornal também entrevistou o cientista político Eduardo Mello, da Fundação Getúlio Vargas. De acordo com ele, a saída de Lula da prisão pode ser uma oportunidade para Bolsonaro.
“Com Lula em cena, Bolsonaro dispõe de um inimigo claro e identificado.” Isso poderia despertar os sentimentos contra o PT e contra Lula de parte da população, diz, e polarizar a sociedade, mobilizando eleitores que haviam se distanciado dele nos últimos meses.
O Le Monde ainda destaca que o ex-presidente ainda não foi inocentado nos processos em que está envolvido. Condenado em segunda instância, ele pode voltar ao tribunal se seus recursos forem rejeitados. Lula não pode por enquanto se candidatar ou ocupar cargos públicos, incluindo as eleições presidenciais de 2022.
Mas o petista, ressalta o Le Monde, podendo se candidatar ou não, vai agir na oposição. É certo, afirma o jornal, que Lula começou sua campanha, com o microfone na mão. “ E não largará mais”, conclui o correspondente do Le Monde.
// RFI