O primeiro-ministro japonês anunciou, nesta sexta-feira (28), que vai renunciar ao cargo por problemas de saúde. No segundo mandato desde 2012, o premiê sofre de uma doença inflamatória no intestino que já o obrigou a abandonar o poder em 2007.
“Decidi renunciar à função de primeiro-ministro”, declarou Shinzo Abe, de 65 anos, durante uma coletiva de imprensa. “Vou continuar a cumprir rigorosamente meu trabalho até que o próximo primeiro-ministro seja nomeado”, reiterou.
Diante os jornalistas, Abe explicou que voltou a enfrentar uma retocolite ulcerativa. Essa doença crônica não contagiosa provoca inflamações no intestino grosso e na mucosa do reto.
O agravamento do estado de saúde de Abe preocupa o país. Na última segunda-feira (24), ele passou por exames médicos em um hospital de Tóquio, pela segunda vez em oito dias.
Uma revista japonesa informou recentemente que Abe foi visto cuspindo sangue no início de julho. A imprensa destacou que o chefe de governo não concedeu nenhuma entrevista coletiva importante nas últimas semanas.
Sem esconder sua emoção, o premiê afirmou que está “profundamente triste” por deixar o posto um ano antes da data prevista e em plena crise do coronavírus. “Não posso ser primeiro-ministro se eu não puder tomar as melhores decisões para o povo”, afirmou.
Quem será o novo primeiro-ministro?
O novo chefe de governo provavelmente será o vencedor das eleições pela presidência do Partido Liberal-Democrata, comandado atualmente por Abe. O primeiro-ministro não fez comentários sobre seu possível sucessor na entrevista coletiva e afirmou que “todos os nomes que circulam são pessoas muito capacitadas”.
O porta-voz do governo, Yoshihide Suga, e o ministro das Finanças, Taro Aso, são apontados como os nomes mais fortes para a sucessão. O ex-ministro da Defesa, Shigeru Ishiba, e o atual, Taro Kono, além do ex-ministro das Relações Exteriores e estrategista político do Partido Liberal-Democrata, Fumio Kishida, também são potenciais candidatos ao cargo.
Abe bateu na segunda-feira o recorde de longevidade no cargo de primeiro-ministro do Japão no mesmo mandato (2.799 dias consecutivos). Ele já havia superado a marca em novembro do ano passado, mas contando sua primeira passagem à frente do país, muito mais efêmera (um ano entre 2006 e 2007).
Entre os motivos alegados para sua renúncia na época, ele já havia citado a doença inflamatória crônica do intestino, da qual se declarou curado durante o segundo mandato.
A popularidade do primeiro-ministro caiu nos últimos meses e registrou o menor nível desde que retornou ao poder em 2012. Ele é fortemente criticado por sua gestão na pandemia de coronavírus, com 62.000 contágios e 1.200 mortes no país. O número de casos voltou a aumentar desde o início de julho.
Com a crise provocada pela pandemia, o sonho de Abe sobre um crescimento econômico sustentável acabou, já que, devido à pandemia, o Japão entrou em recessão.
// RFI