Uma equipe de cientistas identificou um tipo de proteína que poderia desempenhar um papel fundamental para combater o alcoolismo.
De acordo com o Science Daily, os pesquisadores da Universidade de Linköping, na Suécia, chegaram à conclusão depois de uma experiência em que ofereciam a um grupo de cobaias duas opções: um recipiente com álcool ou outro que tinha água com açúcar.
A maior parte dos animais escolheu a água adoçada, mas 15% optou pelo álcool, mesmo levando pequenas descargas elétricas como consequência da escolha.
“Temos que entender que uma característica fundamental desse tipo de vício é que as pessoas sabem que isso vai prejudicá-las, potencialmente até podem levar à morte e, no entanto, há algo de errado com o controle motivacional porque continuam fazendo o que faz mal”, explica Markus Heilig, professor do Departamento de Medicina Clínica e Experimental e diretor do Centro de Neurociências Sociais e Afetivas.
Posteriormente, os cientistas detectaram um gene nos animais que preferiam o recipiente com álcool, que se expressava em níveis muito mais baixos do que o habitual.
O gene em causa se baseia na proteína GAT-3, um prótido de transporte que faz com que os níveis da substância inibidora do sinal do ácido gama-aminobutírico (GABA) se mantenham baixos, produzindo assim uma mudança molecular no cérebro que afeta os comportamentos relacionados com o vício.
“Diminuir a expressão desse chamado ‘transportador’ teve um efeito significativo no comportamento dessas cobaias. Os animais que preferiram a água doce reverteram sua preferência e começaram também a escolher o álcool”, diz Eric Augier, cientista que coordenou a pesquisa.
Para entender se os resultados se refletiam em humanos, os pesquisadores contaram com a ajuda de uma equipe de cientistas da Universidade do Texas, em Austin, que analisaram os níveis de GAT-3 no tecido cerebral de pessoas já falecidas.
Nos indivíduos que tinham tido problemas com álcool, os níveis de GAT-3 também foram mais baixos quando comparado com os restantes.
“Esse é um daqueles momentos relativamente raros em que vemos uma mudança interessante nos nossos modelos animais e encontramos a mesma mudança nos cérebros dos humanos”, afirma Dayne Mayfield, pesquisador da Universidade do Texas e coautor do novo estudo publicado na revista Science.
“É uma indicação muito boa de que o nosso modelo animal está correto. E se o nosso modelo animal estiver correto, podemos usar a terapêutica e ter mais confiança nos resultados”, acrescenta.
Atualmente, os cientistas trabalham com uma empresa farmacêutica com o objetivo de desenvolver uma molécula de segunda geração que se destinará a fármacos para combater a doença.
Ciberia // ZAP