A Espanha montou um sistema de vigilância para assegurar a prisão do líder independentista Carles Puigdemont caso ele tente voltar à Catalunha, mesmo que tente voltar escondido em um porta-malas.
O ministro da Administração Interna espanhol, Juan Ignacio Zoido, entrevistado nesta terça-feira (23) na rádio Antena 3, revelou que as forças de segurança trabalham de forma “muito intensa” para impedir que Puigdemont entre na Espanha e apareça no parlamento catalão no dia da sua eventual posse.
“Estamos, sem dúvida, muito preocupados com essa conduta, porque não se sabe o que pode fazer e estamos estudando todas as possibilidades que temos”, disse Zoido, acrescentando que as forças de segurança tentarão que Puigdemont “não entre na Catalunha, nem que venha no porta-malas de um carro“.
O responsável governamental explicou que a fronteira da Catalunha com a Europa é “muito extensa”, pois há muitos “caminhos rurais por onde pode entrar em um helicóptero, num ultraleve ou por barco”, tendo indicado que está sendo elaborado um dispositivo para evitar que isso aconteça.
Juan Ignacio Zoido defendeu o respeito pela legalidade e garantiu que Puigdemont responderá perante a justiça.
Entretanto, o ex-presidente do governo regional retirou o pedido para delegar seu voto de deputado na sessão de posse, o que leva muitos observadores a pensar que ele poderia estar pensando em voltar.
O novo presidente do parlamento catalão, Roger Torrent, propôs nesta segunda-feira (22) o nome do líder separatista para voltar a dirigir o governo da Catalunha, apesar de todos os obstáculos jurídicos que isso implica.
Roger Torrent, um independentista empossado há duas semanas, quando prometeu privilegiar o “diálogo” entre as forças parlamentares, tomou a decisão depois de ter se encontrado com todos os partidos com assento na assembleia regional.
Carles Puigdemont disse nesta segunda num discurso na Universidade de Copenhague que as forças independentistas formarão “em breve” um novo governo regional, apesar das “ameaças” de Madrid.
O líder separatista é procurado pela justiça espanhola, que o acusa de delitos de rebelião, sedição e peculato na sequência da tentativa de criar um estado independente.
O bloco de partidos independentistas tem a maioria dos assentos no parlamento da Catalunha e o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, avisou na semana passada que Madrid manterá sua intervenção na Catalunha no caso de Carles Puigdemont tentar regressar ao poder na região.
Se o ex-presidente regional voltar para a Espanha será imediatamente preso e no caso de continuar em Bruxelas terá que ser empossado à distância, o que os serviços jurídicos do parlamento regional já consideraram ser contrário à Constituição.
Ciberia // ZAP