Na China, de tempos em tempos um funcionário do alto escalão “desaparece”, e parece melhor não fazer muitas perguntas.
O cargo de chanceler da China está mudando de mãos e Qin Gang, que ocupou o posto desde dezembro de 2022, mas não foi visto em público por um mês, foi dispensado de suas funções, de acordo com relatos da mídia oficial. Ele foi substituído, sem maiores explicações, por seu antecessor Wang Yi, que é responsável pela diplomacia dentro do Partido Comunista Chinês.
Um comunicado oficial muito curto anuncia o decreto presidencial número 8, datado desta terça-feira, 25 de julho de 2023, removendo Qin Gang, que era Ministro das Relações Exteriores desde o final do ano passado, de seu cargo. O locutor do noticiário noturno da CCTV confirmou a informação fornecida pela agência oficial Nova China.
Qin está sendo substituído, de forma no mínimo incomum, por seu antecessor Wang Yi, que na verdade já estava no cargo há três semanas. O chefe do Escritório Central de Relações Exteriores do PCC já atuou como substituto em diversas ocasiões, incluindo a recepção de diversos líderes estrangeiros na China e a participação na cúpula da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático).
Não foram fornecidos detalhes sobre o motivo de sua demissão. O desaparecimento de Qin Gang dos holofotes da mídia gerou muita especulação. As redes sociais estão falando sobre um suposto caso com uma apresentadora de televisão da Hong Kong Phoenix, com quem ele teria tido um filho secreto. Mas esses são apenas rumores e, para muitos observadores, se os fatos forem confirmados, isso poderia ser apenas um pretexto para outro motivo para sua demissão.
Por enquanto, a única coisa que foi oficialmente filtrada foi uma ausência por motivos de saúde. Aos 53 anos, Qin Gang foi destituído do cargo em uma sessão especial do Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo, realizada um dia após a reunião do Politburo na segunda-feira (24). De forma incomum, a sessão durou apenas um dia.
“Quem?”
Se você perguntar onde Qin Gang está nas ruas da China, a maioria das pessoas dirá: “Quem? “Bu zhi dao”, “Não sei!” É preciso dizer que, sempre que uma pessoa famosa desaparece aqui, os últimos a saber disso são os chineses, pois a mídia estatal não menciona o fato.
A imprensa estrangeira se encontra igualmente silenciosa. Há uma semana, quando o ministro das Relações Exteriores da China se ausentou mais uma vez de uma reunião internacional, uma fonte do jornal de Hong Kong South China Morning Post, aliado do governo chinês, informou que o líder de 53 anos estava com problemas de saúde.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, disse em 11 de julho que Qin Gang tinha “dificuldade em participar da série de reuniões de ministros das Relações Exteriores (ASEAN) por motivos físicos”, mas nada aconteceu desde então. O porta-voz da diplomacia chinesa disse em 14 de julho que não tinha informações sobre o assunto.
// RFI