A União Europeia (UE) e o Reino Unido estabeleceram nesta segunda-feira (19) as prioridades da negociação e o calendário para os próximos dois anos, em sua primeira discussão formal sobre o Brexit, que durou cerca de oito horas.
Os direitos dos cidadãos da UE e do Reino Unido que vivem em cada um dos lados do Canal da Mancha, a fronteira entre Irlanda do Norte e Irlanda e o acordo financeiro do “divórcio” foram formalizados como prioridades das negociações.
Os pontos principais foram apresentados em uma coletiva de imprensa conjunta entre o negociador-chefe da UE para o Brexit, Michel Barnier, e o secretário de Estado para a saída do Reino Unido da União Europeia, David Davis, que se encontrarão uma vez por mês a partir de agora e até 29 de março de 2019 – data em que está prevista a saída definitiva do bloco.
Davis indicou que a maior parte do tempo desta primeira jornada foi ocupada pela questão da fronteira da Irlanda do Norte, que, segundo ele, deveria ser “o mais invisível possível” para evitar colocar em perigo a paz e a estabilidade política na região.
Barnier, por sua vez, disse que a vontade da UE é que também “se cumpra em absoluto o Acordo de Sexta-Feira Santa“, mas fez uma ressalva ao assinalar que deverá existir uma fronteira com todas as suas consequências para serviços e mercadorias, se o Reino Unido deixar o mercado comum.
Sobre os direitos dos cidadãos, o porta-voz do lado britânico disse que a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, apresentará uma “minuta de proposta” na cúpula comunitária de chefes de Estado e de governo da UE desta semana, que acontece na quinta (22) e na sexta-feira (23), um documento que também será remetido ao parlamento britânico.
Os dois representantes insistiram nos dois períodos distintos de negociação que vão ocorrer, primeiro sobre o “divórcio”, e depois sobre a futura relação entre Bruxelas e Londres, na qual, segundo Barnier, “o Reino Unido já não terá os benefícios que tinha quando era membro da UE”.
Davis indicou, no entanto, que no futuro, em nível comercial, interessa “a ambos” uma “associação o mais forte possível”.
“O Reino Unido sairá da UE, não o contrário. É a realidade, e que cada um assuma as responsabilidades, que são humanas, econômicas, etc. Não se pode subestimar essas consequências”, disse o negociador-chefe europeu, ao ser perguntado por um jornalista britânico que concessões Bruxelas estava pensando em fazer a Londres nas negociações.
“Não é que tenha que fazer concessões, tampouco há o interesse de um revanche. Tentarei, a todo o momento, deixar a paixão de lado e me limitarei à base legal e ao bom espírito”, acrescentou Barnier.
// EFE