O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, fez neste domingo (19) um discurso à nação, em que era esperada a sua renúncia ao cargo – o que não aconteceu.
No dia em que a União Nacional Africana do Zimbabué – Frente Patriótica (ZANU-PF) destituiu Robert Mugabe da liderança do partido, fontes próximas do presidente avançaram a agências de notícias internacionais que o estadista de 93 anos renunciaria à presidência do país.
No entanto, em mensagem transmitida na televisão estatal, ao lado de vários militares, Robert Mugabe não anunciou qualquer renúncia do cargo. No discurso, Mugabe afirmou que, apesar da crise política que se vive nos últimos dias, “os pilares do Estado permaneceram funcionais” e que o país precisa “voltar à normalidade”.
Apesar de a economia estar passando por um “período difícil”, o ainda presidente do Zimbábue disse que “o governo se mantém comprometido em melhorar as condições sociais e materiais do povo” zimbabuano. Robert Mugabe terminou o discurso dizendo “obrigado e boa noite“.
Neste domingo, o partido ZANU-PF demitiu Robert Mugabe da liderança e nomeou o antigo vice-presidente do Zimbábue, Emmerson Mnangagwa, como novo líder e candidato para as próximas eleições presidenciais.
Na quarta-feira (15), as forças armadas zimbabuanas detiveram Robert Mugabe e sua mulher, Grace Mugabe, e garantiram o controle de todas as instituições governamentais. Com 93 anos e há quase 30 no poder, Mugabe é o mais velho chefe de Estado do mundo.
A ação político-militar teve as características de um golpe de Estado, uma vez que foram também detidos ou colocados sob prisão domiciliária grande parte dos membros do executivo.
Neste domingo, Grace Mugabe também foi expulsa “para sempre” do partido, bem como os ministros da Educação Superior, Jonathan Moyo, e das Finanças, Ignatius Chombo, próximos de Mugabe.
A atual crise no Zimbábue surge após a destituição, na semana passada, do vice-presidente Emmerson Mnangagwa. Há muito tempo considerado o principal aliado do presidente, Mnangagwa foi humilhado e demitido de suas funções, tendo fugido do país após uma “queda de braço” com a primeira-dama, Grace Mugabe.
Ciberia // ZAP