Animais estão ficando noturnos; e a culpa é toda nossa

Os mamíferos que vivem em regiões onde a presença humana é maior estão mudando drasticamente seus hábitos. Essa é a conclusão de um estudo publicado na Science, na semana passada.

Os animais selvagens têm medo dos seres humanos e alteram seus comportamentos de modo a evitar encontros. No entanto, essas mudanças têm efeitos na demografia, fisiologia e cadeias alimentares de que fazem parte.

Os ecossistemas de 75% do planeta foram alterados pelos humanos e os maiores afetados são as espécies selvagens que perdem terreno, ao ponto de algumas já terem desaparecido, informa o Diário de Notícias.

De acordo com um estudo publicado recentemente na Science, os mamíferos estão se tornando mais notívagos sempre que há humanos por perto. Essa é uma tendência que tem verificado em todos os continentes, mas as consequências para os animais são ainda uma incógnita.

A equipe, liderada por Kaitlyn Gaynor, da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, mostra que um total de 62 espécies de mamíferos está mudando seus padrões de forma significativa, adotando os períodos da noite para suas atividade de alimentação, por exemplo, em ambientes onde a proximidade dos seres humanos é maior.

Os cientistas analisaram 76 estudos relativos a essas 62 espécies, que tinham monitorado os padrões de geolocalização e câmeras fotográficas ativadas pelo movimento dos animais.

Posteriormente, avaliaram os comportamentos dos animais em regiões com e sem a presença humana. Assim, descobriram que nos locais onde a presença humana é maior, os animais levam uma vida noturna significativamente maior do que seus companheiros de espécie que vivem em zonas com pouca influência humana.

A explicação, dizem os cientistas, é o medo. “Em sítios onde ambos coexistem como nos arredores das cidades, os animais selvagens podem minimizar o risco de cruzarem com humanos fazendo uma separação temporal, como essa, em vez de espacial”, escrevem os autores do artigo científico.

Isso significa que os animais ficam mais ativos no período da noite, para evitarem encontros com humanos, sustenta o jornal.

As consequências da transformação dos hábitos destas espécies são ainda desconhecidas. No entanto, esse é apenas o mote para futuros estudos, que nos darão pistas para novas estratégias de conservação desses mamíferos.

Ciberia // ZAP

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