A capital do Zimbabué, Harare, amanheceu esta quinta-feira (16) em aparente calma apesar da tensão que se vive no país após a intervenção militar contra o governo do presidente Robert Mugabe.
De acordo com o periódico português Expresso, o presidente Robert Mugabe teria assinado, durante a noite, um acordo com os militares para abandonar o poder no Zimbábue, abrindo assim espaço para que, nas próximas 24 horas, a Zanu PF, partido do poder, anuncie um governo de transição, que liderará os destinos do Zimbábue por três anos.
Depois de já ter assinado o acordo, os militares pressionam agora Mugabe para que apareça na televisão anunciando oficialmente a decisão. Emmerson Mnangagwa, seu ex-vice presidente, passará então a assumir as funções interinamente.
Além da transição do poder, o acordo prevê a proteção de Mugabe e da sua família. Igualmente, os militares e veteranos associados ao golpe de estado prometeram responsabilizar, por atos de corrupção, o G40 (um grupo de propagandistas de Robert Mugabe).
Mnangagwa será auxiliado por Teurai Ropa e Richard Tsvangirai. O trio tem a missão de restaurar a economia zimbabuana nos próximos três anos. A Zanu PF publicou, no final da tarde desta quarta-feira (15), uma série de mensagens para tranquilizar os zimbabuanos negando haver “golpe de Estado” e afirmando que a situação estava estável.
O Zanu PF disse que a detenção de Mugabe era um ato necessário, porque “nem Zimbábue nem a Zanu PF são propriedade de Mugabe e sua esposa“. Afirmam ainda que esta quarta-feira começa no Zimbábue uma nova fase na qual o “camarada Emmerson Mnangagwa ajudará o povo a alcançar um Zimbábue melhor”.
Por outro lado, o jornal Observador não dá como certo que o governo de transição, que estará no poder por três anos, seja encabeçado pelo ex-vice presidente.
O jornal adianta que decorrem negociações entre entre Morgan Tsvangirai, líder do MDC, o maior partido da oposição e que chegou a governar em coligação com Robert Mugabe entre 2008 e 2013, e o representante dos veteranos de guerra do Zimbábue, Christopher Mutsvangwa. Segundo o Newsday, estão ambos em negociações para formar um governo de união nacional e de transição.
As negociações também deverão, no entanto, incluir o ex-vice-presidente e autor moral do golpe militar, Emmerson Mnangagwa, que atualmente se encontra na África do Sul.
Ciberia // ZAP