A gameficação está deixando a aprendizagem mais divertida. Exemplo disso é a PlayTable, uma mesa de games interativos que auxiliam crianças com dificuldades motoras e/ou físicas. Criada pela startup brasileira Playmove, a ferramenta digital já está sendo utilizada em tratamentos na Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), em escolas e consultórios médicos.
O uso de jogos no desenvolvimento intelectual é reconhecido por diversos profissionais na área da educação. Criada em 2014 por Marlon Souza e Jean Gonçalves, que trabalhavam, respectivamente, com games e fabricação de brinquedos, a mesa PlayTable funciona como uma espécie de console educativo e personalizado de acordo com as necessidades de cada escola ou instituição.
A partir dos 3 anos de idade, as crianças com mobilidade reduzida conseguem se exercitar brincando com os jogos de montar peças, além de pintar e contornar, que também ajudam as que possuem deficiências psíquicas. Algumas opções podem ser jogadas em pares ou quartetos, o que tem auxiliado a inclusão de alunos autistas, por exemplo. Há ainda os jogos com cores que facilitam a identificação no caso de crianças daltônicas e os livros digitais em Libras.
A mesa foi doada para as unidades da AACD, que não só apoia o ensino, mas também torna o tratamento menos exaustivo e mais lúdico. Além de ser utilizada por pacientes, também serve para que a startup implemente possíveis melhorias de acordo com os feedbacks da equipe de profissionais.
Quem também usa o recurso é a fonoaudióloga mineira Geórgia Pereira Nejaim, que atua na Clínica Infantus, em Juiz de Fora (MG). Através do universo lúdico dos jogos, consegue descontrair e estimular crianças e adultos em busca de melhorias da fala, linguagem, atenção, concentração, memória e raciocínio lógico.
Através da ludopedagogia, que alia o brincar e a aprendizagem, ela trata pacientes como o Enzo Negreiros Pereira De Magalhães, de nove anos. Com diagnóstico de paralisia cerebral, ele encontrava bastante dificuldade na execução de movimentos ligados à coordenação motora fina, como pinça ou apreensão de objetos pequenos.
“Dentre vários jogos usados na terapia, ele vem demonstrando excelentes resultados na alfabetização, com o uso do Papa Letras, em que precisa arrastar as letras faltantes para formar/completar as palavras. Estamos obtendo excelentes resultados. Ele está se superando, com melhora dos movimentos e aprimoramento dos aspectos que envolvem atenção, concentração e memória”, explica Geórgia.
Ela comenta que utiliza a mesa com várias patologias. “Pacientes com paralisia cerebral, autistas, afásicos, síndrome de down, deficit de atenção, alteração do processamento auditivo, discalculia. Todos têm os games incluídos no tratamento. O progresso pode ser desde uma troca de olhar, um convite para se sentar ao lado, uso do toque para ajudar na escolha do jogo, até o início de uma vocalização, nomeação espontânea, memória aprimorada ou maior habilidade da coordenação motora fina”, destaca.
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