Fernando Albán, político e líder opositor de Nicolás Maduro, morreu na noite desta segunda-feira (8) nas instalações do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) da Venezuela. As autoridades afirmam que se tratou de suicídio, mas a oposição não aceita esta versão.
A tese das autoridades é compartilhada pelo próprio procurador-geral da Venezuela. Tarek William Saab reforçou nesta terça-feira (9) a informação das autoridades oficiais de que o líder opositor Fernando Albán cometeu suicídio, após a oposição acusar o regime de tê-lo assassinado.
De acordo com Saab, que falou à televisão estatal VTV, “o cidadão pediu para ir ao banheiro e, de lá, se jogou do décimo andar” da sede do Serviço Bolivariano de Inteligência. O procurador-geral anunciou que haverá uma “investigação completa”.
O ministro do Interior e da Justiça, Nestor Reverol, disse que Fernando Albán cometeu suicídio quando ia ser transferido para o tribunal, referindo ainda que o opositor estava “envolvido em atos de desestabilização dirigidos do estrangeiro”.
Fernando Albán estava preso desde 5 de outubro, sendo acusado de envolvimento no suposto atentado contra o presidente Nicolás Maduro, em agosto passado.
“Não é suicídio, é homicídio”
Nesta segunda-feira à noite, dezenas de pessoas participaram de uma vigília com velas em frente à sede da polícia secreta enquanto gritavam, sob a vigilância de policiais que os cercavam: “não é um suicídio, é um homicídio”.
O partido da oposição venezuelano Primeiro Justiça (PJ), do vereador Fernando Albán, assegurou que o político foi “assassinado às mãos do regime de Nicolás Maduro”, recusando aceitar a tese de suicídio.
“Com profunda dor e sede de justiça nos dirigimos ao povo da Venezuela, especialmente aos justiceiros de todo o país, para informar que o vereador Fernando Albán morreu assassinado às mãos do regime de Nicolás Maduro nos Serviços Secretos da Plaza Venezuela”, disse o partido em breve comunicado.
No comunicado, o partido indicou que Albán “era um homem forte e de profundos valores cristãos”, e acusou o procurador Tarek Saab de ser um “reconhecido carrasco da ditadura”.
Júlio Borges, fundador do partido Primeiro Justiça e atualmente exilado na Colômbia, disse, citado pela rádio portuguesa Renascença, que o líder da oposição estaria pressionado a denunciar “uma série” de pessoas.
“É impossível que uma pessoa de profunda convicção católica tenha se suicidado. Todos os que falaram com [Albán] o viram sólido, forte e com convicções”, disse o dirigente da oposição venezuelana.
“Exigimos a verdade das coisas e declaramos que essa dolorosa situação demonstra o pior da ditadura: um sistema de morte que penetra na consciência de quem defende a liberdade na Venezuela”, afirmou o partido, que também pede justiça.
Albán era vereador no município de Libertador, nos arredores da capital venezuelana, Caracas, sede de todos os poderes públicos e território considerado sede do chavismo governante.
Ciberia // ZAP