Que os animais de estimação podem trazer alegrias, seus donos já sabem. Mas para quem ainda tem alguma dúvida dos benefícios que os cachorros podem trazer à vida de seus tutores, a ciência mostra algumas vantagens nas suas presenças: os animais de estimação podem contribuir para que seus tutores vivam mais tempo.
De acordo com uma revisão realizados sobre o assunto, divulgado na publicação da American Heart Association (Associação Americana do Coração), ter um cachorro tem sido associado com a diminuição de risco cardiovascular. A revisão bibliográfica abrange quase 70 anos de pesquisas, envolvendo aproximadamente 4 milhões de pessoas nos Estados Unidos, Canadá, Escandinávia, Nova Zelândia, Austrália e Reino Unido.
Certo, se a questão vem sendo pesquisada há tanto tempo, o que essa análise traz de novo? A publicação associa a presença desses animais na vida dos tutores com a redução de 24% no risco de todas as causas de mortalidade, quando comparado com pessoas que não tem cachorro. Seis estudos demonstram significante redução no risco de morte.
Em especial, pessoas que já tiveram problemas coronários e vivem em casa com cachorro, tiveram uma redução ainda maior na mortalidade. Quando foram analisados apenas os estudos que avaliam a mortalidade devido a problemas cardiovasculares, a redução no risco foi de 31%.
Todas essas questões podem estar associadas com o fato de que, de acordo com a sugestão de uma série de estudos, ter um cachorro está associado com níveis mais baixos de pressão arterial, um perfil lipídico melhor e menor reação ao estresse.
A pesquisa destaca a presença de resultados conflitantes entre os estudos relacionando a presença do cachorro e a redução da mortalidade. Embora essa questão seja explorada desde a década de 1980, alguns estudos associam a convivência com o cachorro a maior longevidade, enquanto outros consideram que o efeito seja neutro.
A pesquisa apresentada relaciona ter um cachorro com menor risco de morte à longo prazo o que, de acordo com os autores, pode estar ligado à redução na possibilidade de morte por problemas cardiovasculares. Esses resultados indicam a necessidade de realizar mais estudos sobre a influência do estilo de vida das pessoas pesquisadas.
Outro estudo realizado com mais de 336 mil suecos, divulgado na mesma publicação, associa os cachorros a melhores respostas na recuperação de problemas cardiovasculares. Esses resultados ganham relevância quando pensamos que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, infartos e derrames são as principais causas de morte no mundo.
Nesses casos, a pesquisa destaca o fato de que ser tutor de um cachorro está associado a aumento da atividade física e do apoio social. Esses dois fatores podem ajudar na recuperação de pessoas que passaram por graves problemas cardiovasculares. Além disso, a presença de um cachorro pode ser especialmente importante para pessoas que moram sozinhas, pois além de oferecer companhia, serão uma motivação para a realização de atividades físicas.
Embora o estudo leve em consideração diversos fatores, além da presença do cão, há elementos não considerados, como o habito de fumar. Portanto, não é possível apresentar conclusões sobre possíveis efeitos causais.
Outros estudos mostram que os cachorros conferem companhia e afeto, que podem reduzir a ansiedade e depressão. Esses são elementos importantes para pessoas que passaram por doenças graves. Ainda há estudos que mostram que os cachorros podem reduzir o estresse e ajudar as pessoas no momento de relaxar. Assim, eles auxiliam em todas as etapas da vida, desde a infância, porque podem influenciar o desenvolvimento social, emocional e cognitivo.
Diante de todos os benefícios que os cachorros podem conferir à vida dos humanos, é importante destacar que ter um cachorro inclui responsabilidades. Assim como eles são afetivos com seus tutores, também precisam de atenção. Um cachorro vem com responsabilidades e gastos dos quais as pessoas precisam estar cientes no momento em que optam por ter um em casa.
As duas pesquisas apresentadas foram observacionais. Portanto, os pesquisadores não podem provar que a presença do cão seja a causa direta do aumento na expectativa de vida, ou da melhor recuperação de problemas de saúde. Apenas um ensaio clínico randomizado poderia responder a essas questões.
// HypeScience