Uma estudo recente descobriu que um grande terremoto pode causar tremores secundários não só perto do epicentro, como no lado oposto do planeta.
Os terremotos secundários são uma característica bastante comum nos grandes tremores, mas, normalmente, ocorrem relativamente perto do epicentro do abalo sísmico.
Agora, e pela primeira vez, pesquisadores descobriram evidências de que os terremotos desencadeiam outros eventos sísmicos no outro lado do mundo, sugerindo um efeito em cascata que, no futuro, pode ser utilizado para prever catástrofes. As conclusões foram publicadas na quinta-feira (2) nos Nature Scientific Reports.
Cientistas da Oregon State University analisaram quase meio século de dados sobre terremotos e chegaram a uma conclusão surpreendente: quando grandes terremotos assolam uma região, há uma boa probabilidade de ocorrer outro sismo, no outro lado do planeta nos dias seguintes.
“Os casos em estudo mostraram um claro e detectável aumento nas taxas” relacionadas com a ocorrência desses fenômenos geológicos, disse o cientista Robert O’Malley.
Os pesquisadores concluíram que quando um terremoto de magnitude igual ou superior 6,5 na Escala Richter ocorre, é muito provável que outro tremor de magnitude 5,0 ou mais aconteça até três dias depois.
A maioria dos eventos sísmicos são causados por fragmentos da crosta terrestre que colidem entre si, enquanto são puxados e empurrados pela agitação gradual das “entranhas” derretidas do planeta.
De vez em quando, se a tensão supera a fricção entre essas placas gigantes, há uma súbita liberação de energia, que muitas vezes pode originar uma série de pequenos tremores de terra em cascata.
“Os terremotos são parte do ciclo de acumulação e liberação de tensão das placas tectônicas. Como resultado, as falhas das placas podem ser alcançadas, desencadeando um sismo”, explicou O’Malley.
Essas ondas de energia podem sacudir a superfície da terra, mas também podem direcionar ondas de pressão para o manto terrestre. Por isso, estas ondas são muitas vezes utilizadas como uma espécie de sonar gigante, permitindo estudar a estrutura interna do planeta.
Vários estudos têm sido realizados sobre a atividade sísmica. Um deles, publicado em 2011 na Nature, estudou as mudanças na frequência dos terremotos meses após o fenômeno. A pesquisa então contradiz o estudo recentemente liderado por O’Malley, defendendo que não há muitos terremotos desencadeados além do epicentro.
No entanto, os cientistas dizem que o novo estudo pode ser mais “sensível”, ressaltando, no entanto, que é necessário fazer novas pesquisas antes de estabelecer uma ligação direta entre os eventos sísmicos.
Identificar exatamente onde e quando terremotos catastróficos vão sacudir o solo, pode, apesar de muito difícil, ajudar a salvar milhares de vidas. Por isso, qualquer estudo que possa ajudar a calcular a probabilidade de um evento sísmico acontecer é extremamente útil.
Ciberia // ZAP