O presidente norte-americano que, na noite de terça-feira (9), demitiu de forma inesperada o chefe do FBI, James Comey, fez um comentário, em tom de aviso, a James Comey.
“James Comey pode torcer para que não haja ‘registros’ das nossas conversas antes de começar a fazer revelações à imprensa”, assinalou Donald Trump em uma série de tweets divulgados na manhã desta sexta-feira (12).
Na quinta-feira (11), o presidente indicou em entrevista à NBC ter mantido duas conservações telefônicas, e um jantar, com Comey em que teria perguntado se estava sendo visado pelo inquérito do FBI sobre uma conspiração com a Rússia.
“Disse a ele: ‘Se for possível, pode me dizer se existe um inquérito sobre mim?’. Ele me disse que não havia um inquérito sobre mim”, explicou Trump à cadeia televisiva, em uma referência ao inquérito em curso no FBI sobre possíveis ligações entre seu círculo mais próximo e responsáveis russos durante a campanha eleitoral de 2016.
Dois inquéritos decorrem igualmenteno Congresso americano para determinar se existiu uma conspiração com a Rússia para favorecer a candidatura do republicano em detrimento da sua adversária democrata Hillary Clinton.
Hoje, Trump também reagiu às críticas relacionadas com a comunicação emitida pelas suas equipes depois do afastamento inesperado de Comey. Durante alguns dias, foram divulgadas diversas versões que diferiam em função dos interlocutores.
“Na qualidade de presidente muito ativo e com numerosas situações a decorrer, nem sempre é possível às minhas equipes que subam a um estrado com uma perfeita exatidão”, justificou o multimilionário.
“Talvez fosse melhor anular no futuro todos os ‘briefing com a imprensa’ e remeter as respostas por escrito para garantir maior exatidão”, prosseguiu.
“Presságio da sua queda”
O New York Times divulgou que Trump exigiu “lealdade” a Comey, quando chegou à Casa Branca, mas o ex-diretor teria oferecido apenas “honestidade” ao presidente, o que teria custado seu cargo.
A conversa aconteceu durante um jantar privado, uma semana depois da posse de Trump, segundo explicou Comey a alguns colegas seus que, após a demissão, falaram ao jornal norte-americano sob a condição de anonimato.
Segundo as fontes, em um determinado momento da conversa, depois de se gabar da vitória nas eleições e das “multidões” que juntava nos comícios, Trump pediu a Comey que “jurasse lealdade”, o que Comey negou, prometendo, em vez disso, que seria sempre “honesto” com ele.
Insatisfeito com a resposta, Trump insistiu na questão mais duas vezes, mas Comey não cedeu, sempre de acordo com a versão do ex-diretor do FBI relatada por colegas ao New York Times.
O ex-diretor do FBI acredita agora que o jantar foi “um presságio da sua queda”, segundo o jornal nova-iorquino.
Sarah Huckabee Sanders, porta-voz da Casa Branca, disse ao diário que a versão do ex-diretor não é um “relato preciso” do que houve no jantar e que o presidente dos EUA nunca exigiria “lealdade pessoal”, mas sim lealdade ao povo e à pátria.
A decisão do presidente suscitou uma onda de indignação particularmente entre os representantes do Partido Democrata e colunistas de opinião na imprensa norte-americana. O Partido Democrata chegou a comparar o episódio à tentativa de encobrimento feita pelo presidente Richard Nixon no famoso “caso Watergate”.
// ZAP