O ex-diretor do FBI, James Comey, afirmou esta quarta-feira (7), por meio de um testemunho que ele lerá no comitê de inteligência do Senado, que Donald Trump teria pedido para que ele abandonasse parte da investigação sobre as relações entre seu então assessor de Segurança Nacional, Michael Flynn, e a Rússia.
Michael Flynn é acusado de ter mantido contatos frequentes com oficiais russos para influenciar o resultado das eleições norte-americanas do ano passado.
James Comey também afirmou que, em seu primeiro encontro com o então presidente eleito, no dia 6 de janeiro, em Nova York, ele disse a Donald Trump que não o estava investigando pessoalmente.
No testemunho, ele revela também que, em um encontro seguinte, em um jantar em que só os dois participaram no dia 27 do mesmo mês, já depois da posse, Trump perguntou se ele gostaria de ficar no cargo, mesmo já tendo confirmado em duas ocasiões que ele continuaria conduzindo o FBI.
Nesse encontro, o presidente teria afirmado a Comey que precisava de “lealdade”, ao que o ex-diretor do FBI respondeu que poderia conceder “honestidade”.
No encontro seguinte, no dia 14 de fevereiro, na Casa Branca, o presidente teria dito que o seu assessor de Segurança Nacional Michael Flynn era “um cara bom” e que “não fez nada de errado” em seus contatos com os russos.
Segundo Comey, Trump teria dito: “eu espero que você possa encontrar um caminho para deixar isso pra lá, deixar o Flynn pra lá. Ele é um cara bom. Eu espero que você possa esquecer isso”.
Comey não teria confirmado que iria abandonar as investigações. Segundo o ex-diretor, Trump estaria se referindo a abandonar a investigação sobre um episódio específico relativo a Flynn, e não toda a investigação sobre o ex-assessor.
Posteriormente, no dia 30 de março, por telefone, Trump teria dito a Comey que a investigação sobre a Rússia teria virado “uma nuvem” que o estava impedindo de governar, e disse que não tinha “nada a ver com a Rússia” e perguntou o que o ex-diretor poderia fazer para “tirar essa nuvem”.
A última conversa entre os dois, antes de Trump despedir Comey no dia 10 de maio, teria sido no dia 11 de abril, quando, por um telefone, o presidente teria dito: “Eu fui muito leal a você, muito leal, nós tínhamos aquilo, você sabe”. Comey afirma que não perguntou o que o presidente quis dizer com “aquilo”.