O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, demitiu hoje (10) o diretor do FBI, James Comey, que conduzia uma investigação às eventuais relações entre sua equipe de campanha nas eleições de 2016 e a Rússia, anunciou a Casa Branca.
“O FBI é uma das instituições mais respeitadas do nosso país e hoje marca um novo ponto de partida para a agência referência do nosso sistema judicial”, considerou Donald Trump em comunicado. Ele afirmou ainda que a Casa Branca vai trabalhar “imediatamente” para nomear um novo diretor.
Em uma mensagem enviada a Comey e tornada pública pela Casa Branca, Donald Trump comunicou ao até então diretor do FBI que a demissão tinha “efeitos imediatos”.
Ex-procurador federal e antigo vice-secretário da Justiça, James Comey, de 56 anos, esteve muito tempo ligado aos republicanos, mas foi nomeado pelo antigo presidente democrata, Barack Obama, para a direção do FBI. Quando tomou posse, em 20 de janeiro, Donald Trump pediu que ele permanecesse em funções.
A notícia do afastamento do diretor do FBI surge também depois de a agência AP ter noticiado que o FBI tinha enviado uma carta ao Congresso corrigindo o registro das declarações feitas no testemunho de Comey sobre Huma Abedin, colaboradora de Hillary Clinton.
Na carta enviada hoje, o FBI diz que Comey se expressou mal quando disse que Abedin tinha reencaminhado “centenas de milhares” de “emails” do computador portátil do marido, o antigo congressista Anthony Weiner.
O FBI disse que apenas um pequeno número de “emails” encontrados no computador tinha sido reencaminhado e muitas das situações se prendiam com o “backup” de outros dispositivos eletrônicos.
Senadores classificam demissão como erro grave
O chefe dos democratas no Senado, Chuck Schumer, classificou esta quarta-feira a demissão surpresa do diretor do FBI como um “grave erro”.
Durante uma conferência de imprensa no Capitólio, Schumer apelou à nomeação de um magistrado independente para liderar o inquérito a uma eventual coordenação entre a equipe de campanha eleitoral de Trump e a Federação Russa em 2016. Inquérito está sendo feito pelo FBI.
Eleito pelo Estado de Nova York, Schumer, que disse ter recebido uma ligação de Trump, questionou a razão pela qual a demissão tinha ocorrido e se as investigações sobre possíveis ligações entre a campanha eleitoral de Trump e a Rússia não estão a “ficando muito próximas do presidente”.
No mesmo sentido, outro senador, o republicano John McCain, defendeu que o Congresso deveria criar uma comissão especial para investigar a interferência russa nas eleições presidenciais de 2016.
Este senador, pelo Estado do Arizona, lembrou que há muito tempo defende uma comissão especial do Congresso para investigar a interferência russa e acentuou que a decisão de Trump “apenas confirma a necessidade e a urgência de tal comissão”.
McCain confessou desapontamento pela decisão de Trump, classificou Comey como um homem íntegro e de honra, que liderou bem o FBI em circunstâncias extraordinárias.
Um segundo senador republicano, Bob Corker, do Estado do Tennessee, considerou que a demissão de Comey “levanta questões” e disse que “é essencial que as investigações em curso sejam livres de interferências políticas até sua conclusão”.
Também o vice-presidente da comissão senatorial das Informações, Mark Warner, se pronunciou sobre o caso, considerando “chocante” e profundamente perturbadora a demissão do chefe do FBI.
Warner, eleito pelo Estado da Virgínia, defendeu as considerações pelo fato de a demissão acontecer durante uma investigação em curso do FBI sobre eventuais contatos impróprios entre a campanha eleitoral de Trump e agentes russos.
// ZAP