Os resultados completos dos testes da vacina produzida pela Pfizer-BioNTech, divulgados em detalhes na última terça-feira pela FDA (Agência americana de medicamentos), foram publicados nesta quinta-feira na revista científica New England Journal of Medicine. A publicação é uma das mais importantes da área nos Estados Unidos.
Em seu editorial, a revista estima que os resultados da vacina da Pfizer, que mostraram uma eficácia de 95% nos 44.000 voluntários imunizados, confirmam um “triunfo” da imunização, que é feita em duas doses com um intervalo de três semanas.
O comitê de cientistas da FDA deu início à análise pública do produto nesta quinta-feira, que resultará na provável autorização da distribuição da vacina no mercado. O próprio laboratório publicou os resultados em releases para imprensa divulgados em 18 de novembro.
Na terça-feira, o documento publicado pelo FDA confirmou os dados sobre a eficiência e a segurança do produto.
A eficácia anunciada significa que a vacina reduz em 95% o risco de contrair a Covid-19, principalmente em suas formas graves, independentemente do sexo, idade e etnia. Muitos dos voluntários também apresentavam patologias com predisposição para formas graves, como obesidade, diabetes ou doenças respiratórias.
Voluntários brasileiros
Os participantes foram recrutados no Brasil, na Argentina e nos Estados Unidos e são maiores de 16 anos. Apenas com uma dose, a eficácia do produto pode chegar a 52% após cerca de 10 dias, mesmo que ainda não haja conclusões definitivas sobre a questão.
É provável que a vacina proteja a longo prazo da infecção, como sublinha o próprio FDA no documento. Aparentemente, lembra a agência, a proteção continua sendo alta após dois meses nos indivíduos que tomaram as duas doses – a duração da imunidade era um dos grandes temores das autoridades de saúde.
A Pfizer adotou a tecnologia inédita das vacinas gênicas, que utilizam o RNA mensageiro para imunizar os indivíduos. A ideia é introduzir no organismo uma cópia do código genético do SARS-Cov-2. Ela servirá como uma espécie de manual de instruções e levará o corpo a produzir a proteína Spike, que o vírus utiliza para entrar nas células. Sua presença desencadeia a produção dos anticorpos. O único ponto fraco da vacina é sua conservação, que deve ser feita a cerca de – 70°C.
Vacina é segura
O estudo da Pfizer também confirma a segurança da vacina. As reações adversas, como dores em torno do local de injeção, dores de cabeça e cansaço foram frequentes, mas não houve nenhum problema grave de segurança durante os testes clínicos – 50% dos voluntários receberam um placebo.
Apenas um participante teve febre acima de 40 graus sete dias após a administração da vacina. Vômitos, diarreias ou dores musculares também foram relatados, mas em proporções ínfimas em relação à totalidade dos voluntários.
Entre 0% e 4,6% dos participantes tiveram reações severas após a segunda dose. Elas foram mais frequentes em adultos de mais de 55 anos ou entre adolescentes, que possuem um sistema imunológico, em geral, menos reativo.
Os editores da revista New England Journal of Medicine lembram, em seu editorial, que há problemas “menores” em relação à vacina. Uma das dúvidas é sobre a capacidade do produto de impedir as formas assintomáticas da doença e bloquear, assim, qualquer possibilidade de transmissão. A conclusão, entretanto, é unânime: o resultado dos testes é impressionante e pode ser validado em qualquer tipo de análise. “Um triunfo”, conclui a revista.
// RFI