Um comitê de especialistas independentes convocado pela autoridade sanitária dos EUA – a Food and Drug Administration (FDA) – endossou na quinta-feira (10/12) o uso emergencial da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Pfizer em parceria com a empresa alemã de biotecnologia Biontech.
Com 17 votos a favor, quatro contra e uma abstenção, o comitê ouvido pela FDA se mostrou favorável à administração da vacina em todas as pessoas acima de 16 anos – idade considerada pela farmacêutica Pfizer como segura para receber o imunizante.
A aprovação de uso emergencial é o primeiro passo em direção a uma campanha de vacinação em massa nos EUA. O voto do painel de especialistas não é vinculativo, mas uma recomendação. A FDA costuma seguir as recomendações de comitês de assessoramento do tipo.
Se a vacina for aprovada pela FDA, a aplicação do imunizante poderia começar já na próxima semana, segundo o secretário da Saúde dos EUA, Alex Azar. As primeiras doses devem ser ministradas em profissionais da saúde e residentes de asilos – as diretrizes oficiais ainda não foram divulgadas pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) do país.
“Esta é uma luz no final do longo túnel desta pandemia”, disse Sally Goza, presidente da Academia Americana de Pediatria.
Em julho, os EUA acertaram a compra de 100 milhões de doses da vacina da Pfizer. Por se tratar de um imunizante que necessita a aplicação de duas doses, a quantidade adquirida cobre inicialmente a imunização de 50 milhões de pessoas. “Teremos 20 milhões de pessoas vacinadas até o final deste mês”, garantiu Azar em entrevista à emissora estatal americana PBS.
Além disso, no dia 17 de dezembro, o painel de especialistas da FDA volta a se reunir para avaliar o uso emergencial da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela farmacêutica Moderna.
Recorde de mortes
O anúncio do comitê de especialistas da Pizer ocorreu após, na quarta-feira, os Estados Unidos registrarem um número recorde de mortes diárias relacionadas à covid-19. Foram 3.124 óbitos, segundo levantamento da universidade americana Johns Hopkins.
O número de mortos superou as cifras de mortes americanas no chamado “Dia D” – a invasão da Normandia durante a Segunda Guerra – e superou também o número de vítimas no ataque terrorista de 11 de Setembro.
Nas últimas 48 horas, os EUA registraram quase 6 mil mortes. Desde o início da pandemia, o país contabilizou quase 300 mil mortes relacionadas à doença.
Novos casos de infecção também estão em alta nos Estados Unidos: a média dos últimos sete dias está em 209 mil contágios diários. E o número de pessoas em hospitais com covid-19 bate recordes quase todos os dias. Os EUA superou a marca de 15,6 milhões de infecções.
Dúvidas e aprovação em outros países
O endosso dos especialistas ouvidos pela FDA foi dado num momento em que são levantadas questões sobre a segurança da vacina da Pfizer, após reações alérgicas em duas pessoas que receberam o imunizante no início desta semana no Reino Unido, que foi o primeiro país a aprovar e iniciar a administração do imunizante da Pfizer e Biontech.
A vacina foi aprovada também em outros três países: Arábia Saudita, Bahrein e Canadá. O governo canadenses divulgou que a vacinação será iniciada na próxima semana. Profissionais da saúde que atuam em asilos em Ottawa e Toronto serão os primeiros a receber o imunizante. A província de Ontario, a maior e mais populosa do país, iniciará a vacinação em asilos no dia seguinte.
As autoridades sanitárias canadenses autorizaram o uso da vacina da Pfizer na quarta-feira. Um primeiro lote de 30 mil doses deixou a Bélgica – onde são produzidas – nesta sexta-feira. O governo canadenses espera receber 249 mil doses até o fim do ano, além e 6 milhões de doses adicionais ao longo do primeiro trimestre de 2021.
O Canadá também firmou acordos com outros cinco laboratórios – AstraZeneca, Sanofi e GSK, Johnson & Johnson, Novavax e Moderna – para a aquisição de um total de 358 milhões de doses de vacinas contra o novo coronavírus.