O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, reconheceu “erros” e prometeu melhorar a rede social depois de ter sido revelado o uso indevido de dados pessoais de milhões de utilizadores pela empresa britânica Cambridge Analytica.
O Facebook “cometeu erros”, afirmou Zuckerberg, na primeira vez que falou sobre o caso, admitindo ser “responsável pelo que está acontecendo” na rede social e prometendo disponibilizar formas de os utilizadores controlarem melhor a utilização de seus dados pessoais.
“Há mais a ser feito, precisamos de ir mais rápido e atuar”, escreveu Zuckerberg na sua página pessoal da rede social.
“Temos a responsabilidade de proteger seuss dados pessoais e, se não conseguimos fazê-lo, não merecemos servir-los”, escreveu o fundador da rede social, acrescentando que a empresa analisará de perto os aplicativos do Facebook para garantir que não existam abusos de dados pessoais.
O Facebook tem estado no centro de uma vasta polêmica internacional com a empresa Cambridge Analytica, acusada de ter recuperado dados de 50 milhões de perfis da rede social, sem o seu consentimento, para elaborar um programa informático destinado a influenciar o voto dos eleitores, favorecendo a campanha de Donald Trump.
A empresa fundada por Mark Zuckerberg se afirmou “escandalizada por ter sido enganada” pela utilização feita com os dados dos seus utilizadores e disse que “compreende a gravidade do problema“.
O escândalo levou a uma queda nas ações do Facebook e Mark Zuckerberg foi convocado por uma comissão parlamentar britânica e pelo Parlamento Europeu para se explicar.
Em entrevista à CNN, Zuckerberg disse estar “muito feliz por testemunhar”. O fundador da maior rede social acrescentou que a empresa irá enviar ao Congresso a pessoa que tem mais conhecimento do assunto e que se essa pessoa for ele, ficará feliz em fazê-lo.
Nos Estados Unidos, os procuradores de Nova York e de Massachusetts e a Comissão Federal do Comércio anunciaram que vão investigar o caso.
De acordo com o The Times, os investidores estão processando a rede social, alegando que a empresa fez “falsa e enganadoras declarações” sobre a política que fracassou em prevenir que uma empresa britânica obtivesse os dados de 50 milhões de utilizadores.
Fan Yuan, um dos acionistas, preencheu a ação judicial em São Francisco em nome de um número desconhecido de investidores, alegando que as “omissões” do Facebook levaram a um declínio “precipitado” no valor das ações da empresa, que perdeu quase 50 bilhões de dólares só na segunda e terça-feira (19 e 20 de março).
Novas medidas de proteção
O Facebook prometeu ser mais cauteloso com a forma como compartilha os dados dos utilizadores e mais transparência na forma como o faz.
A partir deste mês, a empresa irá auditar todas os aplicativos que tenham tido acesso a grandes quantidades de dados antes de 2014, altura em que o portal passou por uma forte reestruturação. O apps que infringirem qualquer regra de utilização dessas informações, serão excluídas do Facebook.
Em adição, a rede social promete notificar todos os utilizadores que forem afetados por aplicativos maliciosos e barrar o acesso de apps a dados de quem não as tenha utilizado por três meses consecutivos.
Essa última medida serve para manter a lista de permissões atualizada, uma vez que é muito provável que alguns dos aplicativos que o utilizador instalou quando fez sua conta ainda estejam utilizando informações no negócio. Para rematar a decisão, o portal irá ainda facilitar o controle de permissões a certos aplicativos pelos próprios utilizadores.
Por último, o programa de “caça aos bugs” foi ampliado para recompensar utilizadores que encontrem apps maliciosos que estejam reunindo dados dos utilizadores.
Entretanto, o ministro britânico da Cultura, Matt Hancock, considerou insuficiente o conjunto de medidas anunciadas por Zuckerberg para proteger os dados.
Fundador do WhatsApp defende abandono do Facebook
O cofundador do aplicativo WhatsApp, adquirido há quatro anos pelo Facebook, juntou-se ao movimento online que apela à desativação da rede social Facebook, escrevendo no Twitter que “está na hora”.
O programador e empresário norte-americano Brian Acton, que criou o app, em conjunto com Jan Koum, em 2009, afirmou: “Está na hora. #DeleteFacebook” (“It’s time. #deletefacebook”, em inglês).
A hashtag #deletefacebook tem sido uma das mais usadas no Twitter desde o surgimento de relatos que apontam para o uso ilegal de dados de mais 50 milhões de utilizadores do Facebook. E não faltou quem já tivesse aproveitado para brincar com a situação.
O WhatsApp foi comprado pelo Facebook em 2014, em uma transação avaliada em 19 bilhões de dólares.
Ciberia // ZAP