Recente terremoto na Nova Zelândia levou à formação de seis novas falhas na zona norte da Ilha do Sul, mudando completamente o “equilíbrio” das forças tectônicas nesta parte do arquipélago.
“Parece que o terremoto elevou toda a costa norte da ilha, do cabo Campbell até os arredores da cidade de Kaikoura. As rochas da costa se moveram a uma distância significativa, cerca de um metro para cima e três para o lado”, diz Nikola Litchfield, geólogo da empresa GNS Science.
“Esta costa da Nova Zelândia é estruturada de forma extremamente difícil e agora estamos desesperadamente tentando descobrir se o terremoto libertou todos os pontos de tensão ou se ele criou novas fontes potenciais”, acrescenta Litchfield, citado pelo Live Science.
Na segunda-feira de manhã, a Ilha do Sul foi palco de um dos terremotos mais poderosos da sua história, que teve uma magnitude de 7,8 na escala de MMS e causou centenas de novos tremores, tsunamis, deslizamentos de terra e uma série de outros cataclismos.
Como resultado da tragédia, duas pessoas morreram e no norte da Ilha do Sul foi declarado estado de emergência relacionado com a destruição maciça de infraestrutura e entupimento de rios.
Os efeitos deste terremoto, ao contrário do desastre no Nepal, em abril do ano passado, que teve uma magnitude e mecanismo de natividade parecidos, foram poucos já que, no Nepal, mais de sete mil pessoas morreram e cerca de 6 mil nepaleses ficaram gravemente feridos.
Litchfield e vários outros geólogos sobrevoaram a ilha de helicóptero tentando avaliar a escala dos danos e descobrir como mudou a situação geológica no interior da Terra. Com a ajuda de fotos tiradas a uma grande altura da ponta norte da ilha, os pesquisadores compararam imagens de antes e depois do terremoto que atingiu a Ilha do Sul.
Verificou-se que esta série de abalos mudou fundamentalmente a estrutura do interior da Terra nesta parte da ilha.
De acordo com Litchfield, a ilha parecia desfigurada com seis novas “cicatrizes” — grandes falhas, quatro se deslocam para o mar e duas estão sobre a terra.
Em todas essas falhas, camadas de rochas se deslocaram em relação uma à outra por muitos centímetros, tanto para cima, quanto para baixo e também para os lados, mudando significativamente a forma de como as antigas “cicatrizes” tectônicas pressionavam umas contra as outras.
Agora, os cientistas estão explorando ativamente as novas falhas, tentando descobrir onde e quando o próximo terremoto pode ocorrer. Os geólogos estão planejando realizar uma expedição no mar perto da costa da Ilha do Sul, onde tencionam iluminar o fundo do Oceano Pacífico com a ajuda de sonares.
Os dados, que os cientistas esperam coletar, ajudarão a compreender o quão longe no mar seguem as quatro novas falhas e como elas afetam o “equilíbrio de forças” da quebra de Marlborough, localizada no centro da Nova Zelândia.
A quebra de Marlborough é um dos sistemas tectônicos mais complicados da Terra, onde as quatro grandes falhas são conectadas, ao longo das quais movem as placas tectônicas da Austrália e do Pacífico.
O estudo dos efeitos desse terremoto, como Litchfield espera, vai nos ajudar a entender como se comportará essa falha no futuro e qual ameaça ela representa para os moradores da Nova Zelândia.
// Sputnik News