Os cientistas acabam de descobrir como certas criaturas microscópicas, os tardigradas, consideradas as mais resistentes do mundo, podem sobreviver à radiação em doses altíssimas.
Os tardigradas são animais que vivem na água (também conhecidos como “ursos de água”) e que são capazes de sobreviver em diferentes tipos de ambientes, incluindo temperaturas extremas e radiação cem vezes superior à dose letal para o homem, conforme estudo publicado pela eLife.
Estas criaturas, com apenas 0,5 mm de comprimento, têm uma enorme resiliência e podem sobreviver no vácuo do espaço, em temperaturas +150°C e frio extremo.
Para além disso, têm a extraordinária capacidade de se transformar em vidro durante décadas, antes de voltar à vida em condições mais favoráveis.
Os pesquisadores que têm estudado os superpoderes dos tardigradas descobriram finalmente uma proteína única produzida nos seus organismos e conhecida como “supressor de danos” ou Dsup, que ajuda a explicar a resistência destes animais.
O estudo, realizado na Universidade da Califórnia, utilizou três métodos diferentes para isolar a proteína e revelou que esta pode ligar-se as células que contêm ADN, conhecidas como cromatinas, e criar um escudo protetor à sua volta.
“Nós temos agora uma explicação molecular de como a Dsup protege as células da radiação. Nós vemos que tem duas partes, uma peça que se liga à cromatina e o resto dela formando um tipo de nuvem que protege o DNA dos radicais hidróxilos” disse o biólogo molecular James Kadonaga, membro da equipe de estudo, à ScienceAlert.
Os radicais hidróxilos são partículas altamente reativas que podem ser geradas em células em resultado da radiação ionizante.
Os tardigradas podem ser afetados por estes compostos não somente através da radiação mas também quando o ambiente úmido e musgoso que habitam se torna seco.
Os cientistas acreditam que os tardigradas poderiam ter desenvolvido o mecanismo Dsup em resposta ao ambiente seco e não em resposta à exposição à radiação.
A descoberta dos processos de adaptação dos microrganismos à radiação e às condições extremas leva agora os cientistas a acreditar que podem esclarecer o potencial humano para proteger o nosso ADN de vários fatores.
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