A líder da extrema-direita da França e candidata presidencial, Marine le Pen, não pôde se reunir nesta terça-feira com a mais alta autoridade sunita do Líbano, o mufti da República, xeque Abdul Latif Derian, depois que a política se negou a cobrir sua cabeça com o véu islâmico, informou a instituição religiosa.
A instituição dirigida pelo xeque Abdul Latif Derian expressou seu pesar pelo “comportamento inadequado” de Marine le Penn, que “se recusou a colocar o véu islâmico, um requisito para ver o mufti”, segundo um comunicado.
A candidata de extrema-direita parte como favorita no primeiro turno das eleições presidenciais francesas, cuja votação acontece em 23 de abril, mas não para ganhar o pleito.
“Le Pen foi notificada sobre a necessidade de cobrir a cabeça ao se reunir com o mufti, mas quando ela chegou (ao encontro), se negou a fazê-lo, apesar dos pedidos nesse sentido”, detalhou a instituição.
A candidata, por sua vez, afirmou que o ocorrido “não é grave”, segundo declarações divulgadas pela Agência Nacional de Notícias libanesa (“ANN”).
“A mais alta autoridade sunita do mundo não teve essa exigência e, portanto, não tenho motivos para vesti-lo (agora)”, afirmou Le Pen, em referência a seu encontro no Cairo em 2015 com Ahmed al Tayyip, xeque de Al Azhar, a instituição de referência do islã sunita em todo Oriente Médio.
Em entrevista publicada hoje pelo jornal libanês “L’Orient-Le Jour”, Le Pen afirmou que “cada país tem sua história” e que ela não tenta “impor o modelo francês, já que a laicidade é um conceito que vários países interpretam mal”.
A candidata presidencial francesa chegou no domingo pela noite ao Líbano para uma visita oficial de dois dias, durante a qual já se encontrou com o presidente do país, Michel Aoun; com o primeiro-ministro, Saad Hariri; com o ministro das Relações Exteriores, Yebrán Basil, e com o patriarca maronita (católico de Oriente), Monsenhor Bechara Rai.
// EFE