Os apaixonados por banho sabem muito bem por que ele é delicioso: é uma ótima ferramenta para despertar de manhã ou para relaxar antes de dormir, te deixa cheiroso e manda o suor ralo abaixo. O problema é que não é só o suor que vai embora.
Segundo um estudo realizado com indígenas Yanomami da Amazônia, banhos frequentes removem organismos benéficos e óleos importantes da nossa pele.
Nossa pele é coberta por um microbioma formado por bactérias, vírus e outros micróbios eucarióticos. Sem eles, teríamos seriíssimos problemas com o funcionamento do sistema imunológico, com a digestão e até com o coração. Alguns estudiosos veem o microbioma como um órgão paralelo do nosso corpo.
Há evidências de que tomar banho com muita frequência e com produtos agressivos danifica nosso microbioma, resultando em problemas de pele e até alérgicos.
O modo de vida germofóbico ocidental, com abuso de limpeza e sabonetes antibacterianos, pode ser um importante culpado no aumento de casos de alergias nas novas gerações. É por isso que médicos incentivam que crianças brinquem descalças no quintal, para terem contato com todo tipo de germe.
O povo Yanomami não tem contato documentado com pessoas externas, e uma análise mostrou que suas peles, bocas e fezes apresentam a mais rica variedade de bactérias já encontrada em qualquer população até agora.
Estudos mais diretos sobre esse assunto, porém, são escassos. Um dos motivos para isso é que é difícil reunir um grupo de voluntários grande o suficiente que esteja disposto a deixar de tomar banho por um longo período.
Há observações individuais longe de se caracterizarem como estudos científicos, como as de James Hamblin do jornal The Atlantic, que publicou um ensaio em 2016 contando sua experiência sobre deixar de tomar banho todos os dias.
“No começo, eu era um monstro oleoso e fedido”, escreveu ele. Depois, porém, o mau cheiro e o excesso de oleosidade diminuíram. Para afastar a hipótese de que ele havia se acostumado com o fedor, o jornalista pedia a amigos que confirmassem se ele estava fedido ou não, e eles diziam que não estava.
Outra jornalista, Julia Scott, escreveu uma matéria contando sua experiência para o New York Times. Ela usou produtos de uma empresa chamada AOBiome, que promove um microbioma saudável, e contou que nos primeiros dias de adaptação os amigos diziam que ela exalava cheiro de cebola. Alguns dias depois este odor teria ido embora.
Ela contou que ao fim do experimento, apenas uma semana de banhos diários foi suficiente para destruir sua recém-cultivada colônia de bactérias saudáveis.
E aí, você tem coragem de diminuir a frequência dos banhos ou deixar de usar shampoos e sabonetes tradicionais?
// HypeScience