Um grupo de sete produtores de vinho do sul de Portugal pôs em prática uma inovadora técnica, a de envelhecer o vinho no fundo do mar do litoral do país e, como resultado, melhorou o sabor e o aroma do produto.
Isto foi comprovado ao se extrair um total de 700 garrafas de vinho que tinham sido depositadas a 17 metros de profundidade na Baía de Sines.
José Mota Capitão, um dos produtores que participa deste inovador projeto, explicou à Agência Efe que “se trata do primeiro vinho envelhecido em Portugal no fundo do mar”.
A primeira prova aconteceu em março deste ano, depois de meio ano em que as primeiras garrafas foram colocadas no fundo do mar.
“A surpresa foi muito boa, já que se comparou com o mesmo vinho que se estava envelhecendo nas adegas e se pôde comprovar que suas qualidades de aroma e sabor tinham melhorado muitíssimo”, assegurou José.
A iniciativa foi implementada pela APVCA, Associação de Produtores de Vinhos da Costa do Alentejo em setembro do ano passado, após a última vindima.
Após sete meses no fundo do mar, na semana passada foram retiradas 700 garrafas para serem entregues às tripulações dos veleiros que participarão na regata Tall Ships 2017, que faz escala em Sines até ao dia 1 de maio.
Para comprovar a evolução do vinho no fundo do mar, os produtores fazem a cada três meses um monitoramento para saber se seu aroma ganha melhores condições.
A prova seguinte será feita aos nove meses, com a intenção de saber se foi mantida a evolução favorável que foi constatada no meio ano de maturação.
Mota adiantou para a Efe que o objetivo é o de estabelecer uma marca diferenciada para estes vinhos “submersos” sob o lema de “Vinho de mar“.
Além disso, também pretendem institucionalizar um dia de festa anual dedicada ao vinho envelhecido no mar na cidade de Sines, como atração para os cada vez mais numerosos “enoturistas”.
Os vinhos envelhecidos no fundo do mar, segundo José, têm a vantagem de que amadurecem a uma temperatura muito constante, que no caso da Baía de Sines ronda os 15 graus.
Para seu perfeito envelhecimento, as garrafas de vinho, tanto de tinto como de branco, são seladas com cera especial e colocadas na vertical sobre estruturas metálicas para impedir que sejam arrastadas pelo mar.
Ao longo dos anos, se pôde comprovar que as garrafas de vinho que tinham sido alojadas no fundo do mar por causa dos naufrágios tinham experimentado excelentes melhorias, chegando a valer muito dinheiro em diferentes leilões.
Uma das práticas pioneiras nesta viticultura vanguardista aconteceu no ano de 2015 no cais de Poris de Abona da ilha espanhola de Tenerife, onde, a 18 metros de profundidade, foi criada uma adega submarina.
Nela, todos os produtores que acreditem ser oportuno podem depositar seu vinho para que envelheça sob as condições favoráveis do fundo do mar.
Segundo José, proprietário da vinícola portuguesa “Herdade do Portocarro”, também houve experiências para envelhecer vinho no fundo dos rios, como já se está fazendo em Duero.
No entanto, segundo garantiu, as condições do fundo do mar são “mais favoráveis, sobretudo, por causa da temperatura”.
// EFE