O ex-primeiro-ministro português António Guterres é o favorito para se tornar o próximo secretário-geral das Nações Unidas.
Hoje (5), o Conselho de Segurança da ONU elegeu António Guterres na sexta votação secreta do processo de escolha, que será homologada e divulgada oficialmente amanhã.
O ritual também prevê que o nome de Guterres seja submetido à aprovação final dos 193 países da Assembleia Geral das ONU, possivelmente até o fim deste mês.
O Conselho de Segurança da ONU tem cinco membros permanentes: Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, França e China, os chamados P-5. Os membros não-permanentes são dez e com mandatos rotativos.
Atualmente as vagas são de Angola, Egito, Espanha, Japão, Malásia, Nova Zelândia, Senegal, Ucrânia, Uruguai e Venezuela.
O atual presidente do Conselho de Segurança, o embaixador russo Vitaly Churkin, informou ao comando da Assembleia Geral que o sexto voto necessário para a aprovação de Antonio Guterres foi revelado hoje de manhã, confirmando o nome do ex-primeiro-ministro português para o cargo de secretário-geral.
Além de António Guterres, que foi chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) de 2005 a 2015, mais 12 candidatos estavam na corrida para suceder o atual secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que deixa o cargo no final do ano.
Transparência
A decisão adotada hoje pelo Conselho de Segurança dá sequência a um processo histórico que tem dado mais transparência à eleição par o cargo de secretário-geral da ONU. Antes de esse processo, a escolha era feita a portas fechadas e comandada por poucos países.
A escolha concluída hoje envolveu, pela primeira vez na história, discussões públicas e permitiu que os países fizessem campanha pelo candidato de sua preferência.
A eleição começou em 12 de abril deste ano, quando os candidatos ao posto de secretário-geral começaram a ser chamados para dar briefings informais, em que respondiam perguntas sobre o desenvolvimento sustentável, esforços pela paz, proteção dos direitos humanos e catástrofes humanitárias.
Em julho, a ONU fez uma transmissão ao vivo, para todo o mundo, pela TV e internet, em que os candidatos responderam a perguntas de diplomatas e do público.
O presidente da 70ª Assembleia Geral, Mogens Lykketoft, disse que o processo mais transparente é “uma virada de jogo” para a ONU.
“A apresentação de duas horas de cada um dos candidatos nos diálogos da Assembleia Geral foi destaque e ajudou a incluir o público global no debate sobre o futuro da ONU.”
Indicação de Guterres para a ONU repercute na Europa
O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou hoje, em nota publicada no site da presidência, que foi “com uma grande alegria e emoção que recebi a notícia do acordo no Conselho de Segurança para propor António Guterres como próximo Secretário-Geral das Nações Unidas.”
Guterres, de 67 anos, foi primeiro-ministro de Portugal entre 1995 e 2002. Nas Nações Unidas, ele atuou como alto-comissário para os refugiados, chefiando a agência da ONU especializada no tema, a Acnur, entre junho de 2005 a dezembro de 2015.
O presidente português disse, ainda, que Guterres é o melhor candidato para o cargo, e que a conquista é uma vitória da competência e da transparência e é também uma vitória de um consenso nacional.
Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, também se manifestou favorável à candidatura de Guterres, em seu perfil no Twitter. “Ele será um sensacional secretário-geral das Nações Unidas. Um orgulho para a Europa.”
O site britânico de notícias, BBC, deu destaque à notícia, afirmando que o desafio do novo secretário-geral será o de “consertar a organização e dar-lhe um pouco de coração”.
Já o jornal The Guardian afirmou que, em uma rara demonstração de unidade, todos os 15 embaixadores do Conselho de Segurança concordaram com o nome de Guterres, e espera-se que seja cumprida a escolha na votação formal de hoje (6).
Na França, os jornais Le Figaro, Le Monde e a France Presse também deram destaque ao bom desempenho de Guterres, afirmando que ele deve ser o sucessor de Ban Ki-moon, atual secretário-geral da ONU.
O jornal espanhol El País afirmou que Guterres é um português “com determinação e sem inimigos”.
Samantha Power, embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU), afirmou que o candidato português impressionou os 15 países membros do Conselho de Segurança durante todo o processo.
Nesta quinta-feira, em Nova Iorque, o novo secretário-geral da ONU será eleito pelos 193 países representados na Assembleia Geral, por maioria simples. O mandato é de cinco anos.
Segundo anúncio do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o português António Guterres “surgiu como a escolha unânime“.