O secretário-geral designado das Nações Unidas chegou à organização esta segunda-feira para prestar seu juramento de posse. O português António Guterres começa a exercer o cargo oficialmente no dia 1º de janeiro.
A cerimônia de juramento aconteceu durante a manhã, no saguão da Assembleia Geral. António Guterres fez o juramento com a mão esquerda sobre a Carta das Nações Unidas.
António Guterres, afirmou que as “Nações Unidas nasceram da guerra e hoje, devem estar aqui para a paz”.
Falando em inglês, Guterres prestou juramento, esta segunda-feira, em cerimônia na Assembleia Geral, em Nova York. Ele jurou solenemente exercer lealdade e defender os interesses da ONU.
Prioridades
Logo depois, Guterres falou sobre suas três prioridades: paz e segurança, desenvolvimento sustentável e reforma das Nações Unidas.
O próximo secretário-geral afirmou que ” a organização é o pilar do multilateralismo e tem contribuído para décadas de uma paz relativa”. Mas ele disse que “os desafios atuais estão superando a sua capacidade de resposta e a ONU precisa estar pronta para mudar”.
António Guterres disse que os conflitos se tornaram mais complexos e interligados do que nunca e produzem “terríveis” violações das leis internacionais e de direitos humanos.
O próximo chefe da ONU declarou que as pessoas estão sendo forçadas a fugir de suas casas numa escala jamais vista em décadas e alertou para uma nova ameaça, o terrorismo global.
Ele citou ainda mudança climática, crescimento da população, rápida urbanização, insegurança de alimentos e escassez de água.
Progressos
Segundo Guterres, nos últimos 20 anos foram alcançados progressos tecnológicos extraordinários, a economia global cresceu e os indicadores sociais básicos melhoraram. Além disso, a proporção de pessoas que deixaram de viver na pobreza caiu drasticamente.
Mas ele afirmou que a globalização e o progresso tecnológico contribuíram para o aumento das desigualdades.
O novo chefe da ONU declarou que muitas pessoas acabaram ficando para trás, incluindo nos países em desenvolvimento, onde empregos desapareceram e novos postos de trabalho estão fora do alcance de muitos.
Guterres afirmou que o desemprego entre os jovens “explodiu” e a globalização também ampliou o alcance do crime organizado e do tráfico. Ele disse que “o medo “está comandando as decisões de muitas pessoas em todo o mundo”.
Para Guterres, uma das maiores deficiências atuais é a “incapacidade de prever crises”.
Prevenção
Falando em francês, o próximo secretário-geral disse que “a prevenção exige lidar com as causas do problema entre os três pilares das Nações Unidas: paz e segurança, desenvolvimento sustentável e direitos humanos”.
Ele afirmou que “a proteção e a autonomia de mulheres e meninas são fundamentais. Igualdade de gênero é a chave para o desenvolvimento”.
Guterres declarou que em crises graves, como na Síria, Iêmen, Sudão do Sul, entre outros e em longas disputas como o conflito entre israelenses e palestinos são necessários mais esforços de mediação, arbitragem e o que chamou de diplomacia criativa.
Ele alertou que “a escala de desafios atuais exige que todos os países cooperem para uma reforma profunda e contínua das Nações Unidas”.
Guterres citou ainda que a ONU “não fez o suficiente para prevenir e responder a crimes de violência e exploração sexual cometidos por tropas de paz.
Ele prometeu trabalhar conjuntamente com os países-membros na criação de medidas estruturais, legais e operacionais para tornar realidade a política de tolerância zero da organização.
Valores
Guterres encerrou o discurso prometendo respeitar a paridade de gênero até o final de seu mandato, em 2021.
Ele disse que “todos nós vivemos em um mundo complexo e que as Nações Unidas não podem fazer tudo sozinhas”. Para o próximo secretário-geral, “a parceria deve ser parte central da nova estratégia”.
Guterres quer que o mundo, que será herdado pelas crianças, seja definido pelos valores consagrados na Carta da ONU: paz, justiça, respeito, direitos humanos, tolerância e solidariedade.
Ele explicou que as ameaças a esses valores têm como base, geralmente, o medo. António Guterres afirmou que o dever de todos é trabalhar em conjunto para acabar com o medo mútuo e transformá-lo em confiança mútua.
Guterres assume o cargo de secretário-geral em 1º de dezembro, substituindo o atual chefe da ONU, Ban Ki-moon, cujo mandato termina em 31 de dezembro.
// Rádio ONU