Começa nesta sexta-feira (7) o encontro do G20, que acaba no sábado. Durante dois dias, líderes das maiores economias mundiais discutem economia, clima e política.
Os olhos do mundo estão em Hamburgo (Alemanha). Do encontro, mais do que decisões importantes espera-se discussão, discórdia, alguns (poucos) consensos, reuniões bilaterais e protestos (muitos protestos).
O G20 é composto pelas 19 maiores economias do mundo às quais se junta a União Europeia, no 20º lugar. Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos foram as economias convidadas este ano.
Geralmente, os encontros do G20 são acompanhados de protestos e bastante polêmica, que já são sentidas desde quarta-feira (5). As autoridades alemãs preveem que as manifestações, antes e durante o encontro, consigam reunir mais de 100 mil pessoas nas ruas de Hamburgo.
Este ano, os manifestantes – que normalmente defendem a antiglobalização – estarão particularmente focados em Donald Trump, já que esta é a primeira vez que o presidente participa do encontro.
Nesta quinta-feira, jovens encapuzados tomaram o controle de uma manifestação sob o lema “bem-vindos ao inferno”, tendo a polícia recorrido a canhões de água para dispersá-los.
Objetos foram arremessados contra a polícia durante a noite, resultando em danos em viaturas, lojas e imóveis.
Agentes foram feridos. A polícia divulgou hoje um comunicado com a contagem mais recente dos incidentes durante a noite, dando conta de 111 agentes feridos e 44 detidos.
Encontros bilaterais
Não constam na agenda oficial do encontro, mas são uma das mais importantes partes da cúpula: os encontros bilaterais entre chefes de Estado ou de Governo. Este ano, o mais esperado será o de Donald Trump com Vladimir Putin, que se realiza pela primeira vez desde a eleição do norte-americano.
O encontro assume um papel especialmente midiático devido às várias acusações de interferência russa nas eleições americanas. Antes do encontro, Trump, que tem sido acusado de ser muito próximo dos interesses russos, fez questão de elogiar a Polônia na qualidade de aliado americano para enfrentar a interferência russa na ordem mundial.
Além de Putin, Trump tem ainda encontro marcado com Merkel (Alemanha), Theresa May (Reino Unido), Shinzō Abe (Japão), Xi Jinping (China) e Moon Jae-in (Coreia do Sul). Nestes três últimos o tema da Coreia do Norte poderá ser um dos pontos fortes.
Tradicionalmente a cúpula do G20 se opõe às medidas protecionistas. Desta vez a administração Trump, que fez das promessas de proteção do mercado interno um tema central da campanha, pressionou o grupo a retirar esse compromisso da agenda preparativa do encontro.
Mas o fato do apoio ao comércio livre não constar na agenda não significa que o tema não venha a ser discutido.
Vários estados têm tomado posições de força contra a veia protecionista dos americanos, com o Japão e a União Europeia a firmar um acordo de livre comércio nas vésperas do encontro, depois de quatro anos de negociação.
Alterações climáticas
Embora o G20 esteja mais direcionado para a discussão de assuntos econômicos e financeiros, outros temas considerados importantes na agenda internacional também acabam entrando na ordem do dia destas reuniões.
Este ano, o tema das alterações do clima no planeta é particularmente importante tendo em conta a retirada dos Estados Unidos dos acordos de Paris.
A chanceler alemã chegou a colocar a questão das emissões poluentes na agenda do encontro, mas, tendo em conta que os acordos do G20 dependem de consenso, não é natural que se chegue a alguma conclusão.
Muitos dos protestos que sempre acompanham estes encontros estarão centrados também nesta questão.
Refugiados e Brexit
A questão dos refugiados continua a ser um tema premente, sobretudo na Europa. Angela Merkel quer insistir na questão de mais países europeus assumirem uma quota dos refugiados e imigrantes que chegam diariamente à Europa.
Donald Trump tem sido crítico da abertura dos países europeus aos imigrantes, acusando a política alemã de ser catastrófica.
O Brexit continua a ser um ponto de conflito e poderá gerar alguns momentos incômodos para Theresa May, sobretudo com outros líderes europeus.
// ZAP