Uma polêmica e tanto está rolando no mundo corporativo tecnológico. Acontece que a Salesforce, multinacional desenvolvedora de softwares, ofereceu uma festa de fim de ano para seus funcionários brasileiros, mas a descontração extrapolou alguns limites, ocasionando a demissão do presidente da subsidiária brasileira.
Na festa, houve um concurso de fantasias como parte da confraternização, oferecendo um prêmio em dinheiro para as três pessoas que estivessem com a melhor produção. Com a premiação máxima de R$ 3 mil, o pessoal decidiu se empenhar bastante na criação de suas fantasias, mas um dos funcionários, que atua no setor de vendas, achou que se fantasiar do meme “Negão do WhatsApp” seria uma boa ideia.
Vestindo trajes similares aos do homem que acabou virando meme no mensageiro, o funcionário também improvisou uma prótese para simular o pênis de dimensões exageradas do personagem.
A piada de mau gosto não teria causado grande impacto se uma foto do pessoal não tivesse sido registrada, com o rapaz fantasiado de meme ao lado do diretor comercial.
A foto chegou à matriz norte-americana da Salesforce, que achou a fantasia inadmissível, por satirizar a imagem de um homem negro, perpetuando estereótipos de raça. A companhia teria pedido à direção para demitir o funcionário, mas o diretor comercial brasileiro alegou que “aqui no Brasil as pessoas são mais liberais” e, por isso, tentou mantê-lo no cargo.
Contudo, a postura do diretor não agradou aos cabeças da Salesforce, que decidiu demiti-lo também. Então, o presidente da filial brasileira decidiu intervir, alegando que a punição seria exagerada.
No fim das contas, a matriz decidiu demitir todo mundo: o funcionário de vendas, o diretor comercial e o presidente da Salesforce no Brasil. Ainda, outros dois funcionários que teriam se fantasiado de personagens negros do filme As Branquelas foram suspensos enquanto seu comportamento é avaliado pela empresa.
Procurada pela Folha de S. Paulo, a companhia confirmou que desligou, sim, os três funcionários, mas disse que, por conta de protocolos internos, não faria comentários oficiais a respeito.
Blackface
Ainda que os brasileiros tenham se defendido explicando que a fantasia foi apenas uma brincadeira, o ato de uma pessoa branca se fantasiar de um personagem negro é mal visto por conta do chamado “blackface”: a prática inicialmente teatral em que atores brancos se pintavam com carvão para representar personagens afro-americanos.
O problema é que, com o blackface, estereótipos negativos quanto à aparência negra são perpetuados, gerando atitudes consideradas racistas.
Nos Estados Unidos, o blackface se popularizou no século 19 e acabou contribuindo para o racismo no país, ridicularizando a aparência negra, que “seria digna de ser uma fantasia”, deixando de lado toda a luta histórica por direitos iguais e o fim do preconceito racial.
Depois de mais de 100 anos de prática, o blackface enfim foi considerado uma atitude racista no teatro, televisão e cinema nos EUA, com a indústria do entretenimento deixando a prática de lado.
Aqui no Brasil, ainda é comum vermos pessoas fantasiadas de personagens negros no Carnaval, por exemplo, mas os movimentos sociais locais vêm se espelhando na luta racial norte-americana para combater a prática por aqui, também.
Ciberia // CanalTech
Que decisão miserável! A punição deveria ser pela baixaria moral e não pelo suposto racismo.
Essa é mais uma demonstração da estupidez do conceito de “politicamente correto”.
“Coam-se mosquitos e engolem-se camelos.”
Para piorar eles querem dar lição de moral , imitando os americanos (com se fosse o farol do mundo ):